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Especialistas alertam para a importância de gestantes colocarem o calendário de vacinação em dia


Gestantes precisam se vacinar para manter saúde dela e do bebê em dia.
A gravidez é um período de transformações físicas, psicológicas e fisiológicas. Essas alterações tornam as gestantes mais vulneráveis a uma série de infecções. Além disso, nos primeiros meses de vida, a única proteção imunológica do bebê é aquela conferida pela mãe. É por isso que, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, há algumas vacinas que não apenas podem como devem ser tomadas durante a gestação.

Atualmente, quatro vacinas são recomendadas para as grávidas: tríplice bacteriana (dTpa), hepatite B, gripe e Covid-19. A primeira deve ser repetida em toda gestação, porque tem como objetivo principal proteger o bebê contra a coqueluche. A doença, também chamada de tosse comprida, pode causar a morte nos primeiros meses de vida.

— Além de a criança ser vulnerável a essa infecção, é onde aparecem as consequências mais graves, com internações em UTI e óbitos. As mortes por coqueluche basicamente acontecem em crianças com menos de três meses — explica o médico pediatra Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

A criança só fica completamente protegida contra a doença a partir dos seis meses de idade, após a terceira dose. Por isso, nos primeiros meses de vida, sua única proteção é pelos anticorpos conferidos pela mãe. A indicação é de que a gestante receba a dTpa apenas a partir da 20ª semana, que é quando há maior transferência de anticorpos da mãe para o bebê.

A vacina contra hepatite B, por outro lado, só é indicada para gestantes que nunca se vacinaram, que não completaram o esquema de imunização ou, ainda, que não têm o comprovante vacinal. A imunização contra a hepatite B é composta por três doses. Cunha explica que gestantes que têm comprovação, mas não estão com o esquema completo, apenas precisam receber as doses que faltam.

A hepatite B pode ser transmitida para o bebê durante o parto. Recém-nascidos infectados têm 90% de probabilidade de desenvolverem a doença crônica, que pode levar a problemas como câncer de fígado. Ao contrário da tríplice bacteriana, a vacinação contra hepatite B pode ser realizada em qualquer momento da gestação.

Há ainda a vacina contra a gripe. As alterações causadas pela gestação tornam a mulher mais suscetível a infecções virais, como gripe e Covid-19. Por isso, grávidas são consideradas grupos de risco para complicações dessas doenças e entram na vacinação prioritária. Ao contrário dos outros imunizantes, o principal objetivo deste é proteger a mãe. Mas ele também protege o bebê nos primeiros meses de vida. A vacina contra a influenza também pode ser tomada a qualquer momento da gravidez.

É importante ressaltar que como essa é uma vacina anual, mesmo que a mulher já tenha tomado o imunizante em uma gestação anterior, ela deve ser aplicada novamente. Segundo Cecília Maria Roteli Martins, presidente da Comissão Nacional Especializada em Vacinas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a vacina da gripe está disponível para gestantes durante o ano todo.

Mãe e bebê mais seguros contra a Covid

As vacinas já faziam parte do calendário de vacinação da gestante há anos. Mas, em um período mais recente, um novo imunizante foi adicionado: o da Covid-19. Dados disponíveis indicam um risco aumentado para doença grave, maior admissão às unidades de cuidado intensivo, maior necessidade de ventilação mecânica e maior risco de óbitos, em comparação com a população geral. Por isso, esse grupo deve ser vacinado de acordo com o esquema recomendado para a faixa etária.

Preferencialmente, o imunizante aplicado deve ser o da Pfizer. Se essa vacina não estiver disponível, a CoronaVac pode ser utilizada. Por outro lado, as vacinas de vetor viral, como as da AstraZeneca/Fiocruz e da Janssen, são contraindicadas para as grávidas.

— As vacinas de Covid-19 indicadas para gestantes são extremamente seguras para a mãe e o bebê. Já temos acompanhamento de crianças que nasceram após as mães terem tomado as vacinas na gestação e só vimos benefícios. Não tem como pensar em evento adverso em gestante. Só tem proteção. O risco é não tomar — diz Martins.

Além disso, a vacinação contra a Covid-19 na gravidez é a única forma de proteger o bebê contra a doença nos primeiros meses de vida.

— Sabemos que as crianças mais novas, para as quais ainda não temos vacinas, estão sendo mais afetadas pela variante Ômicron. A mãe precisa lembrar que a vacina protege não somente ela, mas também o bebê — diz o presidente da SBIm.

Um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês) aponta que a vacinação contra Covid na gravidez pode prevenir até 61% dos casos de hospitalizações de bebês de até seis meses devido a complicações relacionadas à doença.

As vacinas contraindicadas para as grávidas

Embora todas essas vacinas estejam disponíveis gratuitamente pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), as coberturas estão baixas e isso preocupa os especialistas.

— Nossa preocupação no momento são as coberturas. A cobertura da influenza para gestante ficou em torno de 40% esse ano, e isso é muito preocupante — alerta a presidente da Comissão Nacional Especializada em Vacinas da Febrasgo.

Segundo Cunha, a cobertura da tríplice bacteriana nesse público está em torno de 50%. Os motivos da hesitação vacinal são os mesmos listados para outras faixas etárias: pandemia, abalo na confiança sobre a segurança dessas vacinas devido à disseminação de desinformação e notícias falsas, problemas de conveniência — como horário de funcionamento dos postos de saúde — e a falsa sensação de segurança para doenças que as pessoas não conhecem e acham que não precisam se proteger nem proteger o bebê.

Os especialistas reforçam que todas as vacinas indicadas para serem aplicadas na gestação são extremamente seguras. Nenhuma ocasiona aborto, parto prematuro ou má formação congênita do bebe. Além disso, eles lembram que o motivo para essas doenças não circularem com frequência é justamente o sucesso da vacinação. Se por qualquer motivo a gestante não tomar essas vacinas, elas ainda podem ser aplicadas no puerpério, definido como o período de 45 dias após o parto.

Da mesma forma que há vacinas recomendadas, alguns imunizantes são contraindicados para gestantes. Entram nessa lista as vacinas feitas com vírus ou bactérias enfraquecidos, como a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola). Em situações especiais, como em casos de alta exposição a vírus ou situações de risco, algumas dessas vacinas podem ser indicadas, como a da febre amarela em períodos de surto da doença.

Se a mulher está planejando engravidar, a recomendação é colocar a carteira de vacinação em dia antes de isso acontecer.

— Quando a mulher está com a vacinação em dia, ela vai mais tranquila e protegida para a gestação — completa Martins.

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