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40 tons de leite materno

                            

"Essas são minhas verdades de hoje", diz o pediatra Moises Chencinski. Confira a lista

Segundo Nietzsche (uau, começando pesado):

“Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas”.

Assim, essas são “minhas verdades de hoje”, com referências, sobre aleitamento materno, sem nenhuma ordem em especial. A lista é aberta para cada mãe, cada bebê.

  1. OMS recomenda: aleitamento materno desde a sala de parto até 2 anos ou mais, exclusivo e em livre demanda até o 6º mês.
  2. Seguir essas recomendações previne 823.000 mortes em crianças menores de 5 anos e 20.000 mortes por câncer de mama, além de uma economia de 302 bilhões de dólares por ano.
  3. Leite materno (para alguns leite humano) é o padrão-ouro da alimentação infantil.
  4. Leite materno tem papel na proteção contra doenças através de anticorpos que a mãe produz por conta de doenças e das vacinas que ela toma durante a gestação e a amamentação (vide COVID).
  5. Além de anticorpos, o leite materno tem “bactérias do bem” que formam a flora intestinal fundamental para proteção contra infecções nos bebês.
  6. Leite materno “normal” pode ter várias cores.
  7. Amamentar é um direito de mãe e bebê. Não é uma obrigação.
  8. Até o 6º mês de vida, bebês em aleitamento materno exclusivo não precisam tomar água. O leite materno tem 85% de água em sua composição.
  9. O bebê em aleitamento materno exclusivo ganha 150% do seu peso e 33% de seu comprimento de nascimento com 6 meses de vida. 85% do leite materno é água e 15% é comida. Assim, não existe leite materno fraco.
  10. Os protagonistas da amamentação são a mãe e o bebê. A saúde é materno-infantil.
  11. Amamentar não deve doer. Se houver dor, a mamada precisa ser avaliada.
  12. Todos os profissionais de saúde deveriam fazer um curso sobre aconselhamento. Escuta ativa. Empatia. Sem julgamento.
  13. A consulta a partir da 32ª semana de gestação com o pediatra é uma oportunidade de ouvir o que a mãe quer saber sobre aleitamento.
  14. É decisão da mãe se, como, onde, quando e por quanto tempo ela vai amamentar.
  15. Amamentar em público é garantido por lei em cidades e estados no Brasil. A lei nacional está “em trâmites” desde 2015, ainda aguardando aprovação (falta só uma assinatura há 3 anos).
  16. Ter uma rede de apoio é muito relevante (companheiro/a, familiares, amigos, emprego) para a mãe que deseja amamentar.
  17. A amamentação é multifatorial. Daí a importância de uma equipe multiprofissional.
  18. As taxas de aleitamento materno no Brasil estão praticamente estacionadas há 13 anos.
  19. O marketing das indústrias de substitutos de leite materno é abusivo no Brasil e no mundo, inclusive durante a pandemia de COVID.
  20. A fórmula infantil deveria ser receitada apenas por pediatras e nutricionistas, como substituto ou complemento do leite materno, e é produzida a partir do leite de vaca.
  21. ALERTA: Amamentar não é simples, não é fácil e está deixando de ser natural.
  22. Qualquer amamentação é melhor do que nenhuma.
  23. Influenciadores, da área de saúde ou não, são responsáveis por suas informações. A experiência pessoal é importante, mas não tem validade científica.
  24. Amamentação cruzada é quando uma mãe amamenta um bebê que ela não gerou. No Brasil, isso é muito mais frequente do que mostram as pesquisas.
  25. Amamentar diminui o risco de câncer de mama e de ovário nas mães.
  26. Amamentar protege mães contra doenças cardiovasculares e AVC.
  27. Leite materno tem ação protetora para diabetes tipo 1 e 2 em mães e bebês.
  28. Depressão pós-parto existe e pode ser grave. A amamentação diminui seus riscos.
  29. Chupeta e mamadeira podem causar desmame em grande número de bebês em aleitamento materno, por provocar confusão de bicos.
  30. Bebês não conhecem chupetas e mamadeiras que aumentam riscos de problemas infeciosos, respiratórios, ortodônticos, mas são oferecidas pelo marketing das indústrias, em maternidades e por profissionais de saúde.
  31. Todo pediatra deve proteger, apoiar e promover a amamentação.
  32. Leite materno protege e é essencial para prematuros. Sempre.
  33. Atualmente, são 308 hospitais que fazem parte da IHAC (Iniciativa Hospital Amigo da Criança). Existe apenas um hospital privado entre eles. Todos os outros não seguem esse critério.
  34. O consumo de bebidas alcoólicas é considerado “compatível" com a amamentação, com cuidados como quantidade e intervalo para a mamada.
  35. Violência, doméstica ou não, prejudica a amamentação.
  36. Cama compartilhada segura, utilizada por mais de 85% das lactantes, é uma decisão informada da mãe que aumenta as taxas de aleitamento materno, diminui hábitos de fumo e ingestão de bebida alcoólica e reduz os riscos de Síndrome de Morte Súbita Infantil.
  37. Todos nós nascemos totalmente dependentes, “prematuros ou imaturos”, e completamos o nosso “período de amadurecimento” fora do útero. Exterogestação. Aleitamento materno, sling, banho de ofurô, shantala, criação com apego favorecem esse desenvolvimento.
  38. “Um pequeno gesto pode alimentar um grande sonho: Doe leite materno” é o slogan para o Dia Mundial de Doação de lLeite Humano (19/05) de 2023. Além de salvar vidas de prematuros, a mãe que doa leite já aprende como extrair e armazenar para, em tempo, oferecer seu leite para seu bebê quando voltar ao trabalho.
  39. É obrigatório, ANTES de qualquer intervenção definitiva em freio de língua, fazer um diagnóstico adequado, com metodologia reconhecida (Bristol ou Tabby), por profissionais qualificados (equipe), junto com a observação da mamada, do começo ao final, nos dois seios, na maternidade e na primeira consulta com o pediatra.
  40. A cirurgia de freio de língua é definitiva. Quando é executada sem a indicação precisa, sem o acompanhamento pediátrico e fonoaudiológico prévios, os custos para a família, os riscos de complicações e até da necessidade de uma nova cirurgia para correção aumentam consideravelmente.

Moises Chencinski: A relação entre a dor na hora de amamentar e a língua do bebê — Foto: Crescer



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