Ser surpreendido por uma dor intensa nos braços ou nas pernas, geralmente no fim da tarde ou no início do sono, é uma situação comum para muitas crianças e adolescentes. Conhecido como dor do crescimento, o problema atinge de 6% a 32% dos pequenos e dos jovens na fase do estirão. Para quem sofre com as crises, o pilates pode ser uma opção para ajudar a amenizar o desconforto.
Por se basear em movimentos de amplitude máxima, o método proporciona ganho de flexibilidade, o que diminui o encurtamento da musculatura responsável pelas dores.
— Dessa forma, a criança tem um crescimento mais saudável — defende a fisioterapeuta Eliane Coutinho, PhD em pilates.
Segundo a fisioterapeuta Andréa Mandel, o pilates fortalece e alonga a musculatura sem promover hipertrofia, que é contraindicada nessa etapa da vida.
— O ganho de massa exacerbado é prejudicial porque encurta mais a musculatura e favorece novas crises de dor — afirma.
Há um ano, o estudante Enzo Pachá, de 10 anos, começou a sentir os efeitos da fase do estirão. O desconforto nas pernas, perto dos joelhos e dos tornozelos, e nas costas era tão grande que ele, muitas vezes, não conseguia se manter de pé. Depois que passou a fazer sessões de pilates duas vezes por semana, o menino praticamente deu adeus ao problema.
— Agora, as dores só aparecem esporadicamente, quando ele faz um esforço maior nas aulas de educação física ou jogando futebol — conta a educadora física Juliana Krieger, de 38 anos, mãe de Enzo.
Diagnóstico correto
De acordo com o reumatologista e fisiatra Arnaldo Libman, do Centro de Reumatologia e Ortopedia Botafogo, o pilates só é indicado contra dores do crescimento quando elas estão relacionadas a alterações musculares ou da pisada. Por isso, é importante consultar um médico antes, para obter o diagnóstico correto. Em casos em que há inflamação do núcleo de crescimento (área próxima às articulações, responsável pelo desenvolvimento ósseo), o repouso é a melhor terapia.
Já para a pediatra Melissa Mariti Fraga, da Sociedade Brasileira de Pediatria, o pilates é benéfico para a saúde dos pequenos em geral, mas não ajuda no alívio das dores do crescimento.
— O único jeito é esperar passar essa fase. Toda criança precisa ser ativa, e o método serve para isso, além de refletir em outras áreas, como no aumento da concentração. Mas, na infância, ele precisa ser trabalhado de forma lúdica — diz.
Segundo o fisioterapeuta Rodrigo Nascimento, coordenador de pilates da rede Metacorpus, a prática também ajuda na melhora da respiração, do equilíbrio e da postura.
A partir dos 7 anos
De acordo com a pediatra Melissa Fraga, a dor do crescimento não deixa sequelas nas crianças. Em geral, atividades físicas intensas, como balé e futebol, servem de gatilho para as crises de dor do crescimento, alerta a fisioterapeuta Andréa Mandel.
Segundo Eliane Coutinho, o pilates pode ser praticado a partir dos 7 anos, quando as crianças já têm maturidade psicomotora para entender os comandos durante a aula, o que gera melhor resultado. O ideal é que o atendimento seja individualizado ou feito, no máximo, em grupos de três alunos.
—Nem todos os aparelhos são adaptados para crianças de baixa estatura, sendo o pilates solo o mais indicado nesse caso — diz Rodrigo Nascimento.
A hidroterapia é outra opção de reabilitação para aliviar as dores do crescimento, já que também melhora a qualidade muscular dos pacientes, orienta o reumatologista Arnaldo Libman.
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