A obesidade, um dos maiores problemas de saúde pública nomundo , faz parte do cotidiano de um quinto dos brasileiros. Segundo pesquisa publicada na revista científica ‘Lancet’, são 30 milhões de pessoas, que podem desenvolver hipertensão, diabetes e até câncer. Para combater a doença, é possível recorrer a cirurgias, mas elas são invasivas e têm mais risco de mortalidade.
Apenas em setembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou um novo medicamento que, aliado à alimentação saudável e exercícios físicos, ajuda a emagrecer. É a liraglutida, primeira nova opção em 16 anos. Até então, os únicos medicamentos que ajudavam na luta contra a obesidade eram a sibutramina e o orlistate.
O novo medicamento é uma alternativa para pessoas como a vendedora de livros Maria Rodrigues, de 59 anos, que lida com a obesidade há 25 anos. Com índice de massa corporal (IMC) 42,2, ela adquiriu várias condições relacionadas ao excesso de peso, como diabetes tipo 2, cirrose hepática e artrose. Maria já tentou remédios e dietas diversas, e a frustração só fez piorar sua ansiedade. “Já tentei de tudo. Só não fiz a bariátrica (cirurgia de redução do estômago) porque o médico não autorizou. Tenho vontade de emagrecer para melhorar minha qualidade de vida”, disse.
Enquanto a sibutramina aumenta o risco de doenças cardiovasculares, e o orlistate tem como efeito colateral a eliminação de gordura nas fezes, a nova substância pode ajudar a reduzir a pressão arterial e tem menos efeitos colaterais. “Por atuar em regiões específicas do cérebro que controlam a fome e saciedade, a liraglutida não atua em outros circuitos cerebrais que possam levar a distúrbios de comportamento ou alterações psiquiátricas”, explica Priscilla Olim de Andrade Mattar, endocrinologista e gerente do grupo médico da Novo Nordisk, empresa que lançou a liraglutida comercialmente em setembro com o nome de Saxenda.
O novo medicamento é indicado para pessoas que, como Maria, têm IMC acima de 27 (sobrepeso) ou de 30 (obesidade), associados a fatores de risco como hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2, dislipidemia ou apneia obstrutiva do sono. Segundo o laboratório, a liraglutida funciona de modo similar ao hormônio GLP-1, que é produzido no intestino e atua no cérebro controlando a fome e a saciedade. O uso deve ser feito sob orientação médica, coordenado com reeducação alimentar e exercício físico.
Remédio é mais seguro que cirurgia
Para Pedro Assed, mestre em Endocrinologia pela UFRJ e pesquisador do Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares (Gota-PUC-Rio-Iede), o uso de remédios para auxiliar na redução de peso é uma opção mais segura que as cirurgias.
“O tratamento clínico feito com medicação pode ser reversível, é menos agressivo, pode ser feito juntamente com programa de reeducação alimentar e sem prazo pré-determinado, desde que a pessoa esteja sendo acompanhada por um médico”, afirma. E ainda lembra: o remédio não deve ser utilizado sem orientação médica. O uso irregular pode causar náuseas, dor de cabeça, vômitos e diarreia.
A obesidade é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença crônica que necessita de tratamento de longo prazo.Nos últimos 30 anos, cresceu e atingiu proporções de epidemia: já são mais de 1.9 bilhão de adultos com sobrepeso.
Com objetivo de chamar atenção para as questões relacionadas à obesidade e aos impactos na saúde causados pelo excesso de peso, a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e a Novo Nordisk lançaram a campanha ‘Obesidade é o que você não vê’ (www.saudenaosepesa.com.br). “É preciso que as pessoas passem a enxergar a obesidade como uma doença e não como uma escolha individual”, afirma Cintia Cercato, endocrinologista e presidente da Abeso.
Fonte: O Dia
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