As irmãs Mariana e Alice Pinha, de 11 e 12 anos, respectivamente, exibem suas cadernetas de vacinação com orgulho — já tomaram todas as vacinas destinadas a idade delas, inclusive as para os adolescentes, como a meningocócica ACWY e os imunizantes contra o HPV e a Covid-19. Mas esta não é uma realidade na casa da maioria dos brasileiros e brasileiras na faixa etária delas. Assim como nas demais faixas etárias, estas vacinas estão abaixo da cobertura recomendada, que é de 90% a 95%.
Especialistas estimam que apenas metade das meninas com menos de 15 anos e somente 25% dos meninos nesta idade tenham tomado as duas doses da vacina contra o HPV. Já a cobertura vacinal da meningocócica ACWY está por volta de 45%, enquanto que a aplicação de duas doses contra a Covid gira em torno de 40%.
— Quando eu era criança, sempre fazia birra para não tomar vacina. Mas agora, sei que vacinação é importante para proteger a mim e as pessoas ao meu redor. Então, sempre que meus pais me alertam sobre alguma vacina que tenho que tomar, eu vou lá e tomo — afirma Alice, que é apoiada pela irmã mais nova: — É importante a gente se vacinar para não ficar doente, porque quando a gente fica doente, não consegue brincar, ver televisão ou conversar com os amigos.
O fato de adolescentes irem menos a serviços de saúde do que crianças — tanto por uma questão de rotina quanto pelo fato de ficarem menos doentes que os pequenos — atrapalha o monitoramento da aplicação de vacinas e, por isso, é necessário atrair os jovens para os postos de saúde.
Por terem certa autonomia no momento de decidir se tomam ou não a vacina, as campanhas de imunização de adolescentes devem ter linguagem apropriada para a faixa etária e serem veiculadas em espaços ocupados por eles, como escolas e redes sociais, afirmam especialistas. Na avaliação de Ricardo Feijó, representante da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) no Rio Grande do Sul, para aumentar a cobertura vacinal de adolescentes é preciso muni-los de informação sobre a importância dos imunizantes e chamá-los para a ação, ou seja, colocá-los como os principais agentes de transformação de suas realidades.
Veja a seguir as vacinas destinadas aos adolescentes que podem ser encontradas gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS).
HPV
A vacina para o Papilomavírus Humano (HPV) protege contra os tipos mais frequentes: 6, 11, 16 e 18. O imunizante é capaz de evitar vários tipos de tumores associados à infecção, como câncer de colo do útero, vulva, vagina, região anal, pênis e orofaringe (boca e garganta).
No Brasil, a vacina tem o esquema de duas doses e é destinada a meninas e meninos de 9 a 14 anos.
— A vacina do HPV é dada nesta faixa etária porque ela gera uma resposta imunológica bem melhor antes da exposição ao vírus. Por isso, deve ser aplicada antes do início da vida sexual de meninos e meninas — explica Patrícia Guttman, infectologista pediátrica e membro do Departamento de Imunização da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (Soperj).
Meningocócica ACWY
Uma outra vacina que é preconizada para os adolescentes é a meningocócica ACWY. Ela é indicada para todos com idades entre 11 e 14 anos — até agosto deste ano, a faixa atendida englobava apenas jovens de 11 e 12 anos, mas até junho de 2023, adolescentes de 13 e 14 anos poderão tomar o imunizante. Segundo o Ministério da Saúde, a ampliação tem como objetivo reduzir o número de portadores da bactéria em nasofaringe.
Os jovens devem ser vacinados mesmo que tenham recebido este imunizante na infância.
— O adolescente é o reservatório de alguns agentes infecciosos. Ele corre o risco de ficar doente, mas, estando com uma boa imunidade, ele pode passar essa bactéria para crianças menores ou idosos. Portanto, vacinar o adolescente oferece uma proteção coletiva, além da individual, porque diminui a cadeia de transmissão de agentes infecciosos e reduz os casos de doença em toda a população — detalha Feijó.
Covid-19
Os adolescentes brasileiros devem tomar vacinas contra a Covid-19, inclusive o reforço. No começo de dezembro, a Anvisa autorizou a aplicação da terceira dose da vacina pediátrica da Pfizer em toda a população dos 12 aos 17 anos.
Com o aparecimento de novas variantes, como a Ômicron, e o decaimento natural dos anticorpos gerados pelos imunizantes, é importante que toda a população mantenha em dia as doses de reforço contra o coronavírus, para evitar casos graves da infecção e mortes.
Outras vacinas
Os adolescentes têm a oportunidade de tomar completar os esquemas vacinais que ficaram pendentes durante a infância. Por exemplo, se não tomou as três doses contra a hepatite B, as duas doses da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) ou pelo menos três doses para coqueluche, difteria e tétano (DTP) — a cada 10 anos a dT deve ser reforçada—, a situação pode ser regularizada.
Nesta faixa etária pode-se, também, tomar: a vacina anual contra a gripe (em campanhas especiais promovidas pelo SUS ou pagando em clínicas privadas); a dose única febre amarela (a depender da região de residência; e duas doses de meningocócica B (apenas na rede privada).
Fonte: Jornal Extra
Comentários
Postar um comentário