Um biossenssor eletroquímico desenvolvido no Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP detecta biomarcadores associados ao câncer, realizando um diagnóstico mais conclusivo que as técnicas tradicionais. O sistema, integrado a uma plataforma em fluxo miniaturizada, não entra em contato direto com as amostras, eliminando o risco de contaminação dos eletrodos. As pequenas dimensões do sistema reduzem a utilização de amostras e reagentes e facilitam a construção de dispositivos para análises em campo.
Os métodos tradicionais de diagnóstico, que envolvem a biópsia e a análise morfológica do tecido removido, se baseiam em avaliações subjetivas, sendo assim não conclusivos. “Eles também são invasivos e apresentam alto custo de implementação”, afirma o químico Renato Sousa Lima, doutorando do IQSC, que realizou a pesquisa. “No caso dos biomarcadores tumorais, eles são espécies biológicas que indicam a presença de determinados tipos de câncer quando presentes sob excesso em fluidos biológicos, como o sangue e a urina.”
Um exemplo de biomarcador é o PSA, associado ao câncer de próstata. Os biossensores eletroquímicos permitem a detecção dos biomarcadores. “Eles possuem um biorreceptor que vai interagir de forma específica com o marcador”, descreve Sousa Lima, “e um transdutor, que converte essa interação em sinal elétrico”.
A pesquisa desenvolveu um tipo de transdutor que não entra em contato com a solução da amostra, por meio de condutometria sem contato. “Ele é separado por um semicondutor que consiste em um filme nano-fino de silica, da ordem de 50 nanometros”, destaca o pesquisador. “A superfície desse filme na região dos eletrodos foi modificada com receptores de proteínas, o que permite a detecção no momento da interação entre as biomoléculas por meio da variação de condutividade do semicondutor.”
Portátil
A plataforma em que são realizadas as análises é miniaturizada, por essa razão o sistema é portátil. “Ao mesmo tempo, o consumo de reagente e de amostra é muito pequeno, da ordem de microlitros, o que representa uma vantagem na utilização de sangue e amostras biológicas em geral”, ressalta Sousa Lima.
A plataforma em que são realizadas as análises é miniaturizada, por essa razão o sistema é portátil. “Ao mesmo tempo, o consumo de reagente e de amostra é muito pequeno, da ordem de microlitros, o que representa uma vantagem na utilização de sangue e amostras biológicas em geral”, ressalta Sousa Lima.
Como não há contato direto do transdutor com o material analisado, não há riscos de contaminação e apassivação do eletrodos. “O sistema também agrega vantagens já conhecidas dos biossenssores eletroquímicos, como menores custos e o fato de não serem invasivos”.
A pesquisa foi realizada no Laboratório de Bioanalítica, Microfabricação e Separação (BioMics) do IQSC, com orientação do professor Emanuel Carrilho. “Nesta etapa, validou-se a integração do transdutor condutométrico sem contato a biossensores”, aponta o químico. O estudo teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). “Agora, o sistema será aplicado em amostras reais”. A próxima fase dos experimentos será realizada em colaboração com o Hospital do Câncer de Barretos (Hospital Pio XII), no interior de São Paulo.
Na validação do sistema, utilizou-se ácido fólico, que é um receptor de folato, um biomarcador associado a diversos tipos de câncer. “Com as amostras reais, serão experimentados outros biomarcadores, como o PSA, o AFP e o CEA”, diz Sousa Lima. “Uma outra linha de pesquisa vai desenvolver um biossensor multicomplexado, capaz de fazer análises simultâneas de dois ou mais biomarcadores, tornando a análise mais conclusiva sobre o tipo de câncer especificamente presente.”.
Fonte : USP
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