Ministério da Saúde aprova projeto de pesquisa que usa imagens térmicas para diagnóstico de doenças da mama no HUAP/UFF
O Comitê de Ética do Ministério da Saúde aprovou no dia 06 de junho
um projeto de pesquisa que será desenvolvido em parceria por
pesquisadores do Instituto de Computação e da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal Fluminense (UFF), além de médicos do Hospital
Universitário Antônio Pedro (HUAP). Com o propósito de adquirir e
implementar um banco de imagens térmicas que serão utilizadas no
diagnóstico precoce de doenças da mama, o projeto fará uso de uma câmera
especial sensível a raios infravermelhos para a obtenção das imagens.
O equipamento será instalado no HUAP e, durante um ano, duas mil
mulheres voluntárias, encaminhadas pelos setores de ginecologia e
mastologia do hospital, farão parte de um grupo de estudo para a
pesquisa. O objetivo é que o banco de dados ajude a verificar e
comprovar a eficiência da detecção de doenças na mama por meio de
imagens térmicas, principalmente no que se refere ao câncer. Também
estão auxiliando no estudo pesquisadores da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e da
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).
O banco de dados conterá imagens e dados clínicos das voluntárias
obtidos pelo exame com a câmera de infravermelho, que deverão ser
comparados aos resultados gerados por outros tipos de exame, como a
mamografia, a ressonância magnética e a análise citológica (biópsia),
por exemplo, dependendo de cada caso. As informações contidas nesse
banco de dados serão confidenciais, não apresentando qualquer
identificação da paciente ou de seu médico, de forma semelhante a bancos
de dados internacionais de mama, como o DDSM (Digital Database for
Screening Mammography) e o MIAS (Mammographic Image Analysis Society),
referências de estudo na área.
A coordenadora da pesquisa, professora Aura Conci, do Instituto de
Computação da UFF, explica a importância desse projeto. De acordo com a
pesquisadora, o principal exame usado atualmente, a mamografia, utiliza
radiações ionizantes (raio-x) e somente consegue fazer o diagnóstico da
pior doença na mama, o câncer, quando já há a presença de um grande
número de células cancerosas. O infravermelho detecta alterações mesmo
antes das células problemáticas começarem a se multiplicar. Esse tipo de
tecnologia já vem sendo empregada em países como Canadá, França,
Espanha e Japão. Segundo a pesquisadora, será a primeira vez que um
hospital público brasileiro poderá testar a viabilidade de diagnóstico
com esse tipo de equipamento em mulheres com indicação para investigação
de câncer na mama.
A célula cancerosa era uma célula saudável que deixou de exercer sua
função primária e começou a se reproduzir indiscriminadamente. Para
propiciar esse processo, é promovida uma neovascularização, que resulta
em uma inflamação e, com isso, há um aumento de temperatura no local de
formação do câncer. “O infravermelho é capaz de medir essa alteração de
temperatura, facilitando a detecção precoce de doenças na mama e
contribuindo também para evitar que outra bateria de exames seja feita
desnecessariamente”, esclarece Aura Conci. A pesquisadora também frisa
que o equipamento de raios infravermelhos tem um custo 50 vezes menor do
que o de mamografia. Há ainda a vantagem adicional do pequeno porte do
novo equipamento, o que permitirá que seja levado a locais nos quais há
pouco ou nenhum acesso da população aos exames mais comuns.
Fonte : Huap notícias
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