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Máquina supera humanos na análise e organização de artigos científicos

Todos os anos, cerca de 1 milhão de artigos científicos são publicados em milhares de periódicos espalhados pelo mundo. Diante disso, indexar e organizar esta crescente montanha de conhecimento de forma a facilitar sua consulta, cruzar informações e promover novos questionamentos é um desafio cada vez maior para cientistas e especialistas. Agora, porém, eles poderão contar com a ajuda de uma máquina que se mostrou tão ou mais eficiente quanto seres humanos na leitura, análise e compilação dos dados chave apresentados nos estudos.

Desenvolvido por pesquisadores da Universidade do Wisconsin em Madison, EUA, o sistema catalogou os resultados de dezenas de milhares de artigos que há 16 anos são alvo do trabalho de centenas de cientistas na montagem do “Paleobiology Database”, uma base de dados que compila informações de estudos na área de paleontologia financiados pela Fundação Nacional de Ciência americana (NSF, na sigla em inglês) e outras agências de fomento internacionais. Isso permitiu que os pesquisadores comparassem o desempenho da máquina com o dos humanos, além de identificar algumas vantagens relativas do sistema, batizado “PaleoDeepDive”.

- Demonstramos que o sistema não foi pior do que as pessoas em todas as medições que fizemos, e que teve desempenho melhor em algumas categorias. Isso é muito excitante – diz Christopher Ré, que liderou o desenvolvimento do programa usado pela máquina quando era professor na Universidade do Wisconsin e hoje é pesquisador da Universidade de Stanford, também nos EUA.

Apesar de todo esforço dos cientistas, o “Paleobiology Database” ainda está longe de completo e muitos dados duramente obtidos em campo permanecem fora do alcance de outros pesquisadores. Assim, Ré e equipe imaginaram se poderiam acelerar este processo com um sistema automatizado que sintetizasse informações básicas nesta área para responder perguntas simples como “quantas espécies conhecidas viviam no planeta em determinada época?”. Do mesmo modo que as pessoas que ajudam a montar o “Paleobiology Database” fazem, o PaleoDeepDive analisa os textos e extrai deles dados estruturados como o nome da espécie ou espécies descritas ou citadas nos estudos, o período em que viveram e onde.

- Extraímos os mesmos dados dos mesmos documentos e os colocamos na mesma estrutura que os pesquisadores humanos, o que nos permitiu fazer uma rigorosa comparação entre a qualidade do trabalho de nosso sistema e o dos seres humanos – conta Shanan Peters, primeiro autor de artigo que descreve os resultados da experiência, publicado nesta segunda-feira no periódico científico de acesso aberto “PLoS One”.

Segundo Ré, o grande desafio foi fazer com que o sistema analisasse e classificasse corretamente as informações que constam nos estudos, como, por exemplo, um artigo contendo os termos “Tyrannosaurus rex” e “Alberta, Canadá”. Teria sido o fóssil encontrado nesta região canadense ou é onde ele está guardado? Ou será que é a pessoa que o achou que trabalha lá? Ou, ainda, o estudo é focado em um fóssil do T. Rex ou de algum outro animal relacionado?

- Os computadores frequentemente têm problemas em decifrar mesmo declarações simples, então adotamos uma abordagem mais relaxada: há chances de que estes termos estejam relacionados desta maneira, e outras chances de que estejam relacionados daquela maneira – descreve Ré.

Ainda de acordo com os pesquisadores, por ser capaz de lidar com uma grande quantidade de dados ao mesmo tempo, o sistema apresenta algumas vantagens sobre o trabalho humano.

- A informação que foi adicionada manualmente por humanos no “Paleobiology Database” não pode ser avaliada ou melhorada sem que se tenha que voltar para a literatura e reexaminar os documentos originais – destaca Peters. - Já nosso sistema pode ampliar e melhorar os resultados a medida que novas informações são acrescentadas (à literatura). Ele também pode extrair informações relacionadas que talvez não estivessem na base de dados original, algo crítico para o surgimento de novos questionamentos, e fazer isso em uma escala enorme.

Peters lembra ainda que, mesmo incompleto, o “Paleobiology Database” já gerou centenas de novos estudos sobre a História da vida em nosso planeta e que os grandes desafios em muitos dos campos de pesquisa atuais são otimizar o uso de descobertas antigas e cruzar os dados de várias áreas de pesquisa de uma forma que sejam rapidamente disponibilizados aos pesquisadores. Ele cita como exemplo a forte ligação entre a paleontologia e a geologia, em que fósseis ajudam a caracterizar determinados períodos geológicos ou camadas geológicas ajudam a caracterizar os fósseis.

- Esperamos ter a capacidade de criar um sistema computadorizado que faça quase imediatamente o que muitos geólogos e paleontólogos tentam fazer em menor escala durante todas suas vidas: ler um monte de artigos, organizar uma montanha de dados e relacioná-los uns aos outros para responder grandes questões – conclui.

Fonte: G1


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