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Oftalmologia se prepara para atender aos novos velhos

As estimativas para o ano 2025 são de que o Brasil terá a sexta maior concentração de idosos do mundo – acima de 32 milhões, quase 13% da população – e a prevalência de doenças oculares aumenta com a idade. A oftalmologia geriátrica é um campo de estudos que vem crescendo justamente para atender a esses “novos velhos”, bem diferentes dos das gerações anteriores.

Conversei sobre o perfil desses pacientes com a médica Marcela Cypel, doutora em oftalmologia pela Universidade Federal de São Paulo, coautora do premiado livro “Oftalmogeriatria” (com o professor Rubens Belfort Jr. e outros especialistas), filiada ao Conselho Brasileiro de Oftalmologia e membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia: “A oftalmogeriatria tem uma visão direcionada para o olho dentro do contexto atual. Não temos como fugir das alterações fisiológicas, mas o idoso de hoje é mais ativo e tem um nível de exigência bem maior: está no computador, dirige, viaja. Qualidade de visão significa qualidade de vida”.

O olho parece ter um prazo de validade bem definido: na quinta década da vida surgem as dificuldades de leitura, a presbiopia, e, na sétima década, problemas decorrentes da opacificação do cristalino: a catarata. Ambos os casos são de fácil solução, através do uso de óculos e pequenas cirurgias, mas esbarram muitas vezes na falta de infraestrutura dos serviços públicos de saúde e de recursos dos próprios pacientes. Além dessas, o glaucoma, a retinopatia diabética e a degeneração macular são as doenças mais frequentes entre os mais velhos. Sem tratamento, podem ter graves consequências, levando também ao isolamento social e à depressão.

Sobre a catarata:

O cristalino normal é transparente e qualquer opacidade significativa, adquirida ou congênita, é denominada catarata. A incidência aumenta com a idade e há uma discreta predominância em mulheres. Ela é responsável por quase 50% dos casos de cegueira em idosos no mundo, mas o que chama a atenção é que o problema pode ser facilmente revertido por procedimento cirúrgico. No Brasil, aproximadamente 700 mil pessoas são classificadas como cegas por catarata, o que aponta para a urgência de planejamento de serviços públicos de saúde quando o assunto é envelhecimento ocular.

“Já tivemos números melhores de cirurgias de catarata, graças aos mutirões que eram realizados e que deixaram de ser feitos”, diz a Dra. Marcela Cypel. “Dou aulas em universidades abertas para a terceira idade e enfatizo a necessidade de consultar um oftalmologista. Mesmo com as deficiências do nosso sistema de saúde, é possível programar uma ida anual ao especialista. Antes da cirurgia da catarata, o idoso pode se beneficiar com o uso de óculos, e o médico também poderá verificar o risco de glaucoma ou degeneração macular”.

Sobre o glaucoma:

A Organização Mundial da Saúde (OMS) coloca o glaucoma como a segunda principal causa de cegueira, depois da catarata – a diferença é que aí o processo é irreversível. O mais dramático é o seu caráter silencioso: é assintomático em quase 75% dos casos. “O glaucoma não dói, não arde, o olho não fica vermelho”, explica Dra. Marcela, “mas o nervo ótico é atingido. Como a perda de visão começa no campo periférico, e aos poucos chega ao centro do olho, a progressão da doença pode passar despercebida. Por isso o maior desafio é detectá-la em seus estágios iniciais”.

Há fatores de risco que devem ser levados em conta: raça negra, histórico familiar, hipertensão ocular. Uma estratégia de prevenção seria alertar os portadores dessas características para visitas mais frequentes ao especialista, mas a detecção precoce normalmente necessita de exames complementares. Como a hereditariedade é muito importante, quem for diagnosticado deve avisar aos familiares imediatamente.

Um dado alarmante é a baixa fidelidade ao tratamento. O colírio para controlar o glaucoma, de uso contínuo, tem um custo que pesa no orçamento e muitos pacientes se descuidam justamente porque não apresentam sintomas claros da doença.

Sobre a retinopatia diabética:

“O diabetes também é questão de saúde pública”, alerta a Dra. Marcela. “A maioria dos pacientes com a doença por um período acima de 15 ou 20 anos terá alguma forma de retinopatia diabética”. Estimativas no Brasil mostram que 7,6% da população urbana entre 30 e 69 anos apresentam a doença – o pior é que, em 46% dos casos, as pessoas não sabem que são portadoras. A única forma de evitar a retinopatia diabética, que provoca hemorragias no olho, é o controle da glicemia, da pressão arterial e de outros fatores de risco sob supervisão médica.

Sobre a degeneração macular:

É a principal causa de cegueira em idosos nos países desenvolvidos e a terceira maior causa no mundo. É incomum antes da faixa entre 50 e 60 anos, mas, no grupo de 90 anos, duas em três pessoas apresentam o problema. “A degeneração macular atinge o centro da visão e distorce a imagem que se forma, afetando imediatamente a leitura”, ensina Dra. Marcela. Quem fuma tem o risco aumentado de três a cinco vezes e, como se trata de situação irreversível, é fundamental o diagnóstico precoce que diminui a lesão final estabelecida. Nos casos avançados, os pacientes necessitam de equipamentos voltados para quem tem visão subnormal, como lupas e magnificadores manuais ou eletrônicos.

Sobre o olho seco:

O olho seco é um mal deste século, já que passamos mais tempo em ambientes refrigerados, em frente a telas de celulares, tablets e computadores. As mulheres na menopausa sofrem mais do que os homens, por causa da diminuição geral da lubrificação corporal, mas fatores externos como tabagismo, lentes de contato e medicações anti-histamínicas ou antidepressivas pode contribuir para o quadro. “Há síndromes mais graves envolvendo a disfunção lacrimal, mas o incômodo do olho seco pode ser amenizado com um colírio de lágrima artificial”, afirma Dra. Marcela Cypel.

Fonte: G1

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