Há alguns anos, pensar em uma prótese humana feita em uma impressora 3D era algo pouco comum. Lentes de contato que controlam a diabetes eram inimagináveis. O avanço da tecnologia tem aberto novos horizontes para a saúde. Todos os dias, a medicina é beneficiada com novas descobertas tecnológicas. Descobertas essas que favorecem um diagnóstico precoce, um tratamento assertivo e, quem sabe, a cura de doenças hoje incuráveis.
Falar de medicina sem citar tecnologia já é quase impossível. Hoje, dispositivos fazem a diferença nas unidades hospitalares.
“O uso de tecnologias favorece pelo maior suporte à vida e chance de diagnósticos mais precoces e precisos, que associados a outros fatores, como uso de novas drogas, fizeram com que o mundo ampliasse a expectativa de vida. A tecnologia, se bem aplicada, é igual à longevidade”, comparou a diretora-geral do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), Ilza Boeira Fellows.
Em Niterói, alguns procedimentos inovadores foram pioneiros no Leste Fluminense. No CHN, a sobrevida de uma paciente grávida e infectada com o vírus influenza A/H1N1 só foi possível graças ao ECMO, um pulmão artificial.
Sala “inteligente” - O Complexo Hospitalar de Niterói ainda conta com uma sala cirúrgica inteligente, aumentando a segurança das cirurgias e reduzindo o número de complicações. O local dispõe de telas HD e possibilita transmissões externas.
“O fato de você ter uma sala cirúrgica inteligente 100% digital beneficia os médicos, pois eles têm acesso a todas as informações do paciente just in time, além do comando integral de todos os equipamentos. Isso oferece maior autonomia nas tomadas de decisão durante a cirurgia”, detalhou a médica.
Menos invasivos - Além de todas essas facilidades, procedimentos menos invasivos, sem a necessidade de cirurgias com corte, têm se tornado cada vez mais frequentes, como o primeiro Mitraclip realizado em Niterói, no Hospital Icaraí.
Segundo a unidade, em uma cirurgia convencional, a duração seria de seis a oito horas, com a abertura do tórax. No entanto, o grampeamento da válvula mitral com auxílio do ecocardiograma 3D resultou em um procedimento rápido e eficaz.
Alguns pacientes não eram aptos à cirurgia cardíaca. O ecocardiograma 3D propiciou que algumas técnicas novas de tratamento pudessem ser aplicadas nesses tipos de pacientes, pela idade avançada ou por comorbidades que impediam um procedimento invasivo”, explicou a ecocardiografista do Hospital Icaraí, Arlisa Malheiros.
Mais eficiência - Os diagnósticos precoces também se tornaram outra vertente possível através da aplicação de aparelhos tecnológicos. Na Clínica de Diagnóstico por Imagem, mais de R$ 10,5 milhões foram investidos na aquisição de equipamentos de última geração. Segundo o diretor médico da CDPI, Emerson Gasparetto, entre as tecnologias implantadas, está o tomógrafo de 320 canais, o primeiro do Brasil, que produz imagens do coração em alta velocidade. Já a ressonância magnética Prisma 3 Tesla é a primeira da América Latina, chegando a atingir o dobro da capacidade dos aparelhos mais modernos da área. Sua aquisição custou R$ 4 milhões.
De acordo com o médico e diretor da CDPI, ainda há muito o que avançar no mercado tecnológico e hospitalar, que pode trazer aliados ainda maiores da qualidade de vida.
“Da mesma forma que avançamos nas técnicas de diagnóstico por imagem e por exames laboratoriais, os outros campos da medicina também se desenvolvem – pela introdução de novos medicamentos com maior efetividade e menos efeitos colaterais, pelo advento de técnicas cirúrgicas em plataforma robótica, ou pelo uso de soluções baseadas na telemedicina para dar mais agilidade e resolubilidade ao atendimento médico”, avaliou Gasparetto.
Ajuda por um lado, prejuízo de outro
Ao mesmo tempo em que a tecnologia salva vidas, ela também gera efeitos negativos. Com as pessoas cada vez mais imersas na era digital, a dependência da internet e dos aparelhos tecnológicos têm afetado a saúde.
Falta de memória, náusea digital e ansiedade por estar off-line são alguns dos problemas de saúde mais vistos ultimamente, em decorrência do uso desenfreado das tecnologias. De acordo com a psicanalista Andréa Ladislau, o indivíduo pode chegar a se isolar.
“Temos também a nomophobia, o receio ou pavor de ficar sem celular, movida pelo alto nível de ansiedade de manusear o dispositivo móvel”, acrescenta.
Há, ainda, a Síndrome do Toque Fantasma, que traz a sensação de que o telefone está vibrando ou tocando a todo momento. Já o Efeito Google, nos vicia na facilidade de informações.
A longa exposição à tela também pode causar prejuízos à visão. Segundo o oftalmologista do Hospital Oftalmológico Santa Beatriz, Fabricio Vargas, o músculo responsável pelo foco se contrai várias vezes.
“Períodos longos utilizando este músculo pode resultar em uma dificuldade posterior para este relaxar, assim o paciente que está sob esta condição reclama que a visão de longe está borrada”, avaliou Fabrício.
Quem nunca sentiu a vista arder ou coçar após ficar horas em frente ao computador? Quem trabalha diariamente com aparelhos eletrônicos e passa por isso pode seguir algumas dicas do especialista.
“Deve ser estabelecida uma pequena pausa a cada hora, levando o olhar para longe e lembrando de piscar. Há casos, especialmente de usuários de lentes de contato, que requerem o uso de lágrima artificial para melhorar a lubrificação”, recomendou o oftalmologista.
Fonte: O Fluminense
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