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Projeto busca usar imagens térmicas para diagnóstico de doenças de mama

Desenvolvido por por pesquisadores da UFF e por médicos do Hospital Antônio Pedro, imagens serão obtidas a partir do uso de uma câmera especial sensível


O Comitê de Ética do Ministério da Saúde aprovou um projeto que busca implementar um banco de imagens térmicas que serão utilizadas no diagnóstico precoce de doenças da mama. Desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Computação e da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF), além de médicos do Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap), a pesquisa fará uso de uma câmera especial sensível a raios infravermelhos para a obtenção das imagens. De acordo com a professora Aura Conci, coordenadora da pesquisa, a técnica representa um importante avanço no diagnóstico do câncer de mama.

Qual é o propósito da pesquisa?

Verificar a viabilidade de usar imagens térmicas para auxiliar no diagnóstico precoce de doenças da mama. A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) divulgou que o câncer de mama é a segunda doença mais comum no mundo e a mais frequente entre as mulheres, com uma estimativa de mais um milhão de novos casos a cada ano e responsável por mais de 400 mil mortes anuais. No Brasil, estima-se que ocorram 52.680 novos casos entre 2012 e 2013. Neste ano, o Ministério da Saúde já custeou mais de 100 mil procedimentos para quimioterapia do câncer de mama. A detecção precoce é o procedimento mais eficaz contra a doença, seja qual for o seu tipo, bem como para tratamento adequado da maioria das enfermidades, sejam elas crônicas, degenerativas ou ligadas a fatores ambientais. Promover uma detecção precoce significa diagnosticar o câncer em seu estágio pré-sintomático, isto é, antes que a pessoa manifeste algum sintoma ou apresente alguma alteração, mesmo durante o exame físico realizado por um profissional da área de saúde. Embora o de mama seja o mais prevalente, é uma doença de diagnóstico relativamente fácil. Essas duas afirmativas, ainda que aparentemente antagônicas, são reais e coerentes, pelo fato de algumas mulheres ainda terem receio de procurar ajuda médica, só o fazendo quando a doença já está num estágio avançado, dificultando o diagnóstico precoce. Além disso, há dificuldades de diagnóstico pela mamografia, que é a forma mais usada atualmente de exame por imagem nesta doença.
 
Como surgiu a iniciativa?

Começamos com uma pesquisa em mamografia usando dados adquiridos e armazenados durantes anos pelo médico Alberto Domingues Viana. Esses dados foram usados em um trabalho de mestrado em 1998 que, por meio de imagens de mamografia e técnicas de reconhecimento de padrões, tentava definir se os nódulos das pacientes eram benignos ou malignos. Desde então, passamos a nos envolver cada vez mais com o assunto. Em 2006, com patrocínio da Capes, iniciamos um projeto de pesquisa de aquisição de imagens térmicas, em conjunto com uma equipe do Hospital das Clínicas e do departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Nos anos seguintes, tive contato com o desenvolvimento de novos exames de mamas através de um estágio sênior no exterior, patrocinado pelo CNPq, no Information Engineering and Medical Imaging Group, em Londres, onde são desenvolvidos novos tipos de exames de mamas, em especial aqueles que utilizam Tomografia por Impedância Elétrica TIE (ou Electrical Impedance Tomography-EIT). Em 2011, foram consolidados as cooperações e intercâmbios internacionais, bem como a atual forma do projeto incluindo as imagens térmicas. Além disso, dois outros projetos possibilitaram a aquisição da câmera térmica FLIR, a qual utilizamos na pesquisa desenvolvida no Hospital Antônio Pedro. O projeto mobiliza médicos de áreas como radiologia e ginecologia.   
 
Durante um ano, 2 mil voluntárias farão parte de um grupo de estudo para pesquisa. De que maneira esse banco de dados será administrado?

Queremos formar esse banco com imagens térmicas de voluntárias com e sem doenças de mama, completamente sem identificação da paciente ou de seu médico. Além dessas imagens, guardaremos a mamografia, as informações clínicas e as diversas imagens térmicas adquiridas das pacientes, que serão sempre mantidas no anonimato. Sempre que necessário, as voluntárias serão acompanhadas e suas imagens incluídas no banco de dados, caso estejam tratando do desenvolvimento de alguma doença.

Como ocorrerá a mobilização de voluntários? Qualquer pessoa pode participar?

Como o exame é inócuo, qualquer pessoa - inclusive homens, já que há também neles incidência de doenças das mamas - pode participar. No ato da marcação da mamografia, a paciente será convidada a participar da pesquisa como voluntária. Nesse instante, explicaremos o que é e para que serve tal exame, assim como todo o procedimento para sua realização. Caso concorde em participar do estudo, a paciente assinará o Termo de Consentimento Livre e Esclarecimento, de acordo com o modelo aprovado pelo Comitê de Ética. A intenção é que as imagens térmicas da mama da paciente sejam capturadas, antes da mamografia, por uma câmera termográfica, que ficará instalada no Serviço de Radiologia do Huap. As imagens serão analisadas pelo grupo de radiologistas  e mastologistas que fazem parte da pesquisa e vem sendo nossos parceiros no trabalho.

Atualmente, como são realizados os exames de mama no Brasil?

Promover uma detecção precoce significa fazer o diagnóstico do câncer no seu estágio pré-sintomático, isto é, antes que a pessoa manifeste algum sintoma relacionado à doença ou apresente alguma alteração mesmo durante o exame físico realizado por um profissional da área de saúde. Devido a isso, o Ministério da Saúde tem investido na divulgação do autoexame, do exame clínico e da mamografia, que são as formas atualmente usadas para detecção precoce do câncer de mama. Os exames mais usados no Brasil são os recomendados tradicionalmente pela comunidade médica: a mamografia, o ultrassom e ressonância magnética. Dependendo das características do caso, os médicos procuram mesclar as informações dos diversos exames, pois, devido aos seus princípios físicos, cada um se mostra mais adequado a detecção de uma característica específica. Nos Estados Unidos e na Europa estão sendo muito usadas a tomografia computadorizada de feixe cônico e a tomossíntese. No Rio, a técnica já é utilizada, mas não sei se também acontece aqui em Niterói. A resolução é muito maior que a da mamografia e não tem os problemas relacionados à sobreposição das informações ao longo da espessura da mama.

Para obter as imagens do exame, o projeto fará uso de uma câmera sensível aos raios infravermelhos. Quais são os benefícios dessa técnica?

A principal vantagem do infravermelho como uma ferramenta auxiliar no diagnóstico médico é a ausência de toque ou penetração de qualquer espécie (não se introduz qualquer sinal, radiação ou contraste no paciente), sendo uma técnica não invasiva, indolor e totalmente inofensiva. Ela faz uso do calor emitido pelo próprio corpo do paciente através da pele na geração da imagem. Outra grande vantagem é o seu custo extremamente baixo comparado a outras tecnologias médicas de aquisição de dados. Apenas é preciso que a paciente fique sem nada na parte de cima do corpo, como acontece nos demais exames, sejam eles de ultrasom, mamografia, ressonância ou mesmo o exame clínico.

Diversas campanhas informam as mulheres sobre os benefícios da mamografia. Porém, quais são os seus possíveis danos?
Na verdade, existe muita controvérsia. É conhecido que o raio-x tem efeito acumulativo no organismo humano e mesmo que, a cada exposição, esse efeito seja minimamente incrementado. Acho que deve-se considerar que o mesmo está sendo usado cada vez mais e nas mais diversas formas, como nas tomografias e mesmo nos tratamentos dentários. Segundo um trabalho publicado em  2010 no Second International conference on Computing, Communication and Networking Technologies, cada vez que o peito é exposto ao raio-x, o risco de câncer aumenta em 2%. As mulheres devem realizar esse exame somente quando for necessário e sob orientação médica.

Fonte : O Fluminense

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NBR 6028:2021 atualizada