Quando descobriu que estava grávida, em 1997, X. não conseguiu largar o vício em álcool que já a acompanhava há 13 anos. O consumo diário de cerveja continuou durante toda a gestação. Como consequência, sua filha, hoje com 15 anos, veio ao mundo com Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), uma doença que, conforme estimativas, afeta cerca de 30 mil crianças nascidas anualmente no Brasil.
Seja em grandes ou pequenas quantidades, a ingestão de álcool em qualquer fase da gravidez é um fator de alto risco para diversas malformações no feto que caracterizam a SAF. De acordo com o neurologista José Mauro Braz de Lima, professor de medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o problema ocorre porque a substância, que é tóxica, passa diretamente da corrente sanguínea da mãe para o bebê, através do cordão umbilical. Uma vez no corpo da criança, o álcool pode prejudicar qualquer órgão em formação ou maturação.
Um estudo feito na UFRJ, mostrou que no Brasil, cerca de 20% das gestantes consome bebidas alcoólicas. Recentemente, uma pesquisa norueguesa revelou que, naquele país, 12% das mulheres confessam o abuso de álcool nos primeiros três meses da gravidez.
Segundo José Mauro Braz de Lima, a SAF pode se manifestar de maneira clássica, desde o nascimento, ou só na fase escolar da criança, quando o déficit cognitivo costuma ficar mais evidente. O diagnóstico da doença é clínico e o tratamento, sintomático.
Prematuro, o bebê de X. começou a apresentar sinais de atraso no desenvolvimento aos 11 meses. Precisou de estímulos especiais para falar e andar. Depois, surgiram os problemas de aprendizado e, até hoje, a adolescente apresenta certa imaturidade para a idade, o que dificulta as interações sociais.
— Na época, não tinha noção do alcoolismo. Analisando a situação hoje, vejo que ela foi extremamente poupada por Deus — conta X.
Fonte: Jornal Extra
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