Já estava previsto pelos especialistas que no ano 2000 aconteceria o que eles chamavam de “boom” da população de idosos no Brasil, e que a rede de saúde pública não estava preparada para atender essa demanda, como explica a médica geriatra Fátima Christo, que atribui a essa falta de planejamento o colapso que o sistema público de saúde enfrenta hoje. Outro agravante, segundo ela, é a falta de profissionais preparados para atender os pacientes acima de 60 anos. Fátima atua há 30 anos como médica geriátrica e explica que a preocupação principal desse profissional é a de proporcionar saúde aos idosos, mas para isso é necessário a prática da medicina preventiva ao invés de curativa.
Para isso, ele reforça a necessidade do planejamento. “O problema de hoje como a pressão alta e o colesterol podem representar a doença grave de amanhã se não for tratado de maneira preventiva. Portanto, pessoas que estão na faixa dos 30 ou 40 anos devem realizar exames como sangue, urina e eletrocardiograma periodicamente”, alerta.
Para 2025 está previsto que o Brasil chegará a ser o quinto país em número de idosos no mundo. Fátima lembra que nosso corpo – coluna, dentes, estômago e outros – será o mesmo que vai nos acompanhar até essa idade, e só o profissional adequado tem o que ela chama de “olhar do geriatra”, e sabe avaliar a saúde nessa etapa da vida, onde exames são interpretados de maneiras diferentes e dosagem de remédios são adequados para esses pacientes.
“É preciso buscar um equilíbrio físico, emocional e espiritual. O paciente precisa ser enxergado como um todo”, diz a médica, que alerta para o alto índice de depressão que ocorre com esses pacientes. Segundo ela, mais da metade dos que se aposentam acabam desenvolvendo a doença, que tem tratamento e cura, mas se não for diagnosticada corretamente pode tanto ocasionar problemas dentro da família como gerar outras doenças.
Fátima define o tratamento do idoso como uma abordagem de equipe, que envolve vários profissionais, o ambiente e a família também devem ser levados em conta assim como a sexualidade. Ela ressalta ainda a importância do acompanhamento de um familiar às consultas e a necessidade de se retirar do idoso o rótulo de doente, o que para ela é uma questão cultural.
Pioneiro na geriatria em Niterói, o médico aposentado Rubens Periard passou 15 anos trabalhando com terceira idade e vê com alegria o espaço que o idoso tem conquistado na sociedade, inclusive a possibilidade de um acompanhamento que busque a longevidade. “Existe, hoje, uma maior assistência e um tratamento adequado. A compreensão do diferencial dessa especialidade pode garantir ao idoso melhores condições de vida” explica Rubens Periard.
Fonte: O Fluminense
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