Pular para o conteúdo principal

Pesquisadores da USP testam técnica que diagnostica câncer em amostras de saliva e urina

 

Pesquisa da USP analisa urina para detectar câncer — Foto: Henrique Fontes/IQSC

Pesquisa da USP analisa urina para detectar câncer — Foto: Henrique Fontes/IQSC


Pesquisadores da Faculdade de Ciências Famarcêuticas de Ribeirão Preto (FCRP) da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram uma técnica para diagnosticar o câncer a partir da análise de amostras de saliva e urina.

As amostras são analisadas em laboratório para identificar alterações nos perfis de compostos orgânicos voláteis, que formam uma espécie de “impressão digital” da doença.

O método, ainda experimental, pode vir a ser uma alternativa menos invasiva e mais barata para diagnosticar as diversas formas da doença futuramente.

Apesar da importância de um diagnóstico precoce aumentar as chances de cura, os custos com equipamentos e exames utilizados para detectar a doença e as filas no Sistema Único de Saúde (SUS) podem atrasar a descoberta do câncer e, consequentemente, dificultar o tratamento.

Por isso, a técnica traz uma perspectiva otimista no combate à doença.

“O nosso método de coleta de saliva, se não me engano, um entre oitenta pacientes reclamou. E de urina também, a coleta é simples e não invasiva, então o desenvolvimento desse tipo de método é muito importante”, pontua Costa.


Início da pesquisa

Segundo Costa, a linha de pesquisa surgiu quando o orientador do estudo, o professor Bruno Spinosa, percebeu que um parente com câncer suava bastante. O professor passou a investigar se haveria substâncias no suor do paciente relacionadas à doença.

Quando Costa ingressou no doutorado, a pesquisa se voltou para outras amostras biológicas facilmente coletadas: a saliva e a urina. O trabalho, que rendeu um artigo publicado na revista científica Journal of Breath Research, estuda as possíveis alterações que o câncer provoca em substâncias químicas produzidas naturalmente pelo corpo humano chamadas de compostos orgânicos voláteis (VOCs).

Em pacientes com câncer, pode haver o surgimento de novos VOCs ou alteração na concentração dos compostos. Essas mudanças de perfil podem ser detectadas por meio de análises químicas.

O objetivo da pesquisa foi comparar o perfil dos VOCs de pessoas saudáveis com os de pacientes com câncer. Apesar do equipamento utilizado no estudo não distinguir quais substâncias estão sendo analisadas, a análise de perfil já rendeu resultados animadores para os pesquisadores: os índices chegam a 84,8% de sensibilidade e 88,33% de especificidade.


Os pesquisadores escolheram trabalhar com análises de amostras de pacientes com câncer de cabeça e pescoço e câncer gastrointestinal, duas das formas mais comuns da doença. O material foi coletado dos ambulatórios da área de Oncologia Clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (HC-FMUSP) de Ribeirão Preto.


O processo


As amostras eram colocadas em um frasco que era fechado, aquecido e agitado. As substâncias que eram de interesse dos pesquisadores são voláteis e, portanto, elas passavam para a fase de vapor, onde eram analisadas.

O equipamento separava os compostos, que geravam um sinal chamado de “pico”. O conjunto de picos é chamado de “cromatograma” que, por sua vez, permite que os pesquisadores comparem os perfis para verificar as diferenças entre amostras saudáveis e de pessoas com câncer e identificar a “impressão digital” da doença.

O estudo também avaliou dados de apenas um material biológico e também de amostras híbridas, ou seja, combinando as amostras de saliva e de urina. Confira os resultados:


Nos modelos individuais, ou seja, que analisaram apenas uma amostra, a urina se destacou como a melhor opção para detectar câncer de cabeça e pescoço. Os índices foram de 84,8% de sensibilidade e 82,3% de especificidade.Já para detectar o câncer gastrointestinal, a amostra de saliva teve os melhores resultados: a taxa de sensibilidade foi de 78,6% e 87,5% de especificidade.


Nos modelos híbidros, que analisam uma combinação das duas amostras, o câncer de cabeça e pescoço obteve índices de 75,5% de sensibilidade e 88,3% de especificidade. O câncer gastrointestinal teve índices de, respectivamente, 69,8% e 87%.


De acordo com Costa, existe a possibilidade de que determinadas amostras sejam mais eficazes para detectar certos tipos de câncer. “As substâncias voláteis presentes na saliva não são iguais necessariamente às substâncias voláteis presentes na urina”, explica o farmacêutico bioquímico

Por isso, a combinação de duas amostras contribuem para a diferença dos índices do modelo híbrido em relação ao modelo único. Apesar disso, o pesquisador afirma que os índices mais baixos não significam que um tipo de amostra não seja adequado para detectar a doença.

“No câncer gástrico, por exemplo, a gente não conseguiu bons resultados para análise de urina. Isso não quer dizer dizer que a urina não seria uma boa matriz, porque o nosso número de voluntários foi bem restrito”, explica Costa.


Próximos passos

Além de ampliar o número de voluntários, Costa destaca que seria interessante analisar a eficácia do método em diferentes grupos de pessoas.

“Comparar em mulher, homem, pessoas fumantes, não fumantes, que bebem ou não”, exemplifica. “O nosso grupo foi mais restrito, mas sim, foram resultados bem interessantes”.

O pesquisador destaca também a possibilidade de outros laboratórios, que contam com outros tipos de equipamentos, testarem o método para ver se os resultados são semelhantes. Depois disso, seria preciso validar e analisar em uma rotina clínica.

O farmacêutico não descarta que a pesquisa possa dar origem a outros estudos que, futuramente, possam desenvolver meios de detectar o câncer em exames de rotina, por exemplo.

Fonte: G1

Comentários

Populares

UFF Responder: Dengue

 🦟 A elevação do número de casos de dengue no Brasil tem sido motivo de preocupação no âmbito da saúde pública. Entretanto, com a campanha de vacinação, a esperança é que a população esteja imunizada e que a mortalidade caia.  🤔 Para esclarecer as principais dúvidas acerca da dengue, conversamos com a professora Cláudia Lamarca Vitral, do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da UFF. 💬 A docente aborda temas como as razões para o aumento dos casos, as diferenças entre os sorotipos do vírus, sintomas, infecções simultâneas e as principais medidas no combate à proliferação da doença. Além disso, também elucida questões sobre a tão esperada vacina. Leia a matéria completa pelo link: https://bit.ly/3SuOZXV #UFFResponde

Getulinho reabre a pediatria

Sem emergência há 1 ano e 2 meses e após o fim da UTI pediátrica por determinação da Vigilância Sanitária Estadual em dezembro, o Hospital Municipal Getúlio Vargas Filho, o Getulinho, no Fonseca, Niterói, retomou  nesta quinta-feira os atendimentos à população, só que no estacionamento. O hospital de campanha montado, com capacidade para atender 300 crianças por dia, foi alívio para a população e deverá durar o tempo das obras de reforma da unidade. “Esperamos atender 150 por dia na primeira semana”, declarou o coordenador-geral da Força Estadual de Saúde, Manoel Moreira. Foram disponibilizados também ambulância e CTI. Ao assumir, o prefeito Rodrigo Neves decretou situação de emergência no atendimento de urgência pediátrica no município e assinou termo de compromisso para a instalação do hospital de campanha com a Força Estadual. Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia   Nesta quinta-feira, a auxiliar de serviç

Normas Vancouver curiosidades

Normas Vancouver: dia de um manual muito explicativo Como referenciar e citar seguindo o estilo Vancouver. Elaborado pela professora Jeorgina Getil( Fiocruz), o manual é muito explicativo e vai te ajudar nos trabalhos acadêmicos. Este guia baseia-se nas recomendações das “Normas de Vancouver” - Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals, organizadas pelo International Committee of Medical Journal Editors Vancouver Group (www.icmje.org), documento adotado pela grande maioria das revistas científicas nacionais e internacionais da área. ( GENTIL, 208) Fonte: http://www.fiocruz.br/bibsmc/media/comoreferenciarecitarsegundooEstiloVancouver_2008.pdf

Médicos importados

O governo federal decidiu importar médicos para suprir a falta de profissionais em programas de atenção básica, como o Saúde da Família, e em cidades do interior do País. A medida, que será anunciada pela presidenta Dilma Rousseff, inclui a flexibilização das normas de validação de diplomas obtidos em faculdades estrangeiras. A decisão, que deverá ser anunciada até o fim de fevereiro, prevê a contratação de milhares de médicos . O governo acredita que muitos cubanos serão atraídos pelos novos empregos. Efeito sanfona Por falar em saúde: a pressão arterial de Pezão voltou a subir no fim da manhã de ontem. Pessoas próximas dizem que o problema está relacionado às bruscas variações no peso do governador em exercício. Ele acaba de terminar outra temporada em um SPA.  Fonte : O Dia

Painel Coronavírus

Diariamente, o Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS) divulga dados consolidados sobre o COVID-19. Link:  https://covid.saude.gov.br/