A morte de três pessoas por febre maculosa em São Paulo, e a investigação de uma quarta, após um evento em uma fazenda de Campinas, tem provocado uma série de dúvidas sobre o que é a doença, como ela é transmitida e, principalmente, quais são as formas eficazes de se proteger.
Febre maculosa tem alta taxa de letalidade
Isso porque o diagnóstico, causado pela infecção de bactérias do gênero Rickettsia, transmitidas por um carrapato, tem uma alta letalidade, que chegou a aproximadamente 7 a cada 10 casos no estado paulista no ano passado.
Caso esteja nos seus planos uma viagem a regiões endêmicas, como é a cidade de Campinas, ou você tenha acabado de retornar de locais com maior possibilidade de contaminação, saiba a que pontos é preciso estar atento.
Como saber se fui picado por um carrapato?
A febre maculosa é transmitida ao humano pela picada do carrapato, geralmente pelo carrapato-estrela, que tem como hospedeiros animais como bois, capivaras e cavalos. Por isso, é mais comum em áreas rurais. Além disso, a maioria dos diagnósticos da forma grave são na região Sudeste.
A médica, pesquisadora da Fiocruz e chefe do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Elba Lemos, explica que, em algumas pessoas, essa picada pode provocar uma reação.
— As pessoas são diferentes. Existem pessoas que, ao serem picadas, vão ter uma alergia. Tem indivíduos que um único carrapato pode causar uma grande lesão na pele. Mas algumas pessoas não vão ter reação — diz a especialista.
Por isso, caso tenha visitado áreas com possibilidade de contaminação, é importante buscar o atendimento médico caso a reação apareça, para que o profissional possa avaliar o caso.
No entanto, como muitos podem não perceber a presença do carrapato na pele, nem saber se foram picados, é preciso estar atento para o surgimento de sintomas.
— Em caso de dúvida, se o indivíduo frequentou uma área em que há a possibilidade de ter sido picado, é preciso estar atento aos sinais. Se tiver febre, procurar o atendimento médico imediatamente — orienta.
Quais são os sintomas da febre maculosa?
Segundo o Ministério da Saúde, os sintomas incluem:
- Febre alta;
- Dor de cabeça intensa;
- Náuseas e vômitos;
- Diarreia e dor abdominal;
- Dor muscular constante;
- Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés;
- Gangrena (morte de um tecido) nos dedos e orelhas;
- Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões, causando paragem respiratória.
O período de incubação da febre maculosa, tempo entre a infecção e o surgimento de sintomas, é de, em média, 7 dias. Mas esse período pode variar de 2 a 14 dias. Como os sinais são semelhantes de outras doenças, como dengue, é importante explicar ao médico o histórico de visita a locais onde há disseminação de febre maculosa.
Como tratar uma picada de carrapato?
O carrapato precisa ficar na pele por cerca de quatro horas para infectar o indivíduo, por isso, quanto antes ele for removido, menor é o risco de contaminação. Mas, é preciso cuidado ao removê-lo.
O Ministério da Saúde orienta nunca esmagá-lo ou apertá-lo, pois isso pode liberar as bactérias caso ele esteja infectado. Deve-se utilizar uma pinça, uma gaze ou um algodão para retirá-lo. Em seguida, é indicado lavar a área da mordida com álcool ou água e sabão.
Além de estar atento aos sintomas, caso a picada tenha provocado uma reação alérgica ou uma lesão, o médico pode orientar pomadas ou antialérgicos para aliviar a dor no local.
Como não pegar febre maculosa e prevenir a picada de carrapato?
Elba explica que, ao visitar um local rural, é preciso checar se a região é endêmica ou com maior probabilidade da presença de carrapatos infectados com a febre maculosa.
— É importante observar o local que está indo, se o mato é muito alto, se tem animais soltos, sem cuidados, que são indicadores da possibilidade de ter ali o carrapato infectado. Além disso, existe uma sazonalidade. A febre maculosa existe o ano inteiro, mas a partir de abril temos essas formas mais jovens do carrapato que agridem mais o homem — afirma.
Nesses locais, algumas medidas podem reduzir o risco de contaminação. São elas:
- Utilizar roupas claras, o que auxilia na identificação do carrapato;
- Vestir botas;
- Usar calças e blusas com mangas compridas;
- Evitar vegetações altas;
- Utilizar repelentes carrapaticidas.
— Esses repelentes foram desenvolvidos no Hemisfério Norte, onde a temperatura é mais amena. Então aqui, onde nós suamos mais, é preciso reaplicar o produto mais vezes — ressalta Elba.
Além disso, é importante verificar sempre o corpo e os animais de estimação para a presença de carrapatos após o retorno desses locais, e removê-los o mais rápido possível.
Fonte: Jornal Extra
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