Pular para o conteúdo principal

Qual o perfil do médico brasileiro, segundo este estudo

O governo de Cuba decidiu encerrar sua participação no Programa Mais Médicos, em resposta aos questionamentos do presidente eleito, Jair Bolsonaro. O anúncio foi feito em 14 de novembro de 2018. Bolsonaro havia afirmado que o governo brasileiro passaria a exigir dos cubanos a revalidação do diploma no Brasil e a contratação individual dos profissionais, o que não foi aceito. 
“Condicionamos a continuidade do programa Mais Médicos à aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou”, escreveu Bolsonaro em sua conta no Twitter. 
Criado em 2013 pelo governo da presidente Dilma Rousseff (PT) para suprir uma carência de médicos no interior do país, o Mais Médicos tem 18.240 vagas, sendo que 8.332 delas são ocupadas por profissionais cubanos. Eles estão espalhados por 1.600 municípios brasileiros, segundo o Ministério da Saúde. Cerca de 2.000 vagas criadas pelo programa estão atualmente sem médicos. 
O governo tem dificuldade para preencher as vagas. Em 2017, por exemplo, de 2.320 postos abertos pelo Ministério da Saúde para o programa, 6.285 brasileiros se inscreveram, apenas 1.626 aprovados apareceram para trabalhar e cerca de 30% abandonaram o cargo antes de um ano.


As consequências


Devido à interrupção da parceria com Cuba, a ABM (Associação Brasileira dos Municípios) divulgou uma carta, pedindo ao presidente eleito que tome ações imediatas para tentar reverter a situação. 
“Particularmente os cubanos têm atuado nas periferias das regiões metropolitanas, nos distritos indígenas, nas pequenas cidades e em regiões distantes dos grandes centros urbanos. São lugares, senhor presidente eleito, que viram, muitas vezes, pela primeira vez um médico. São municípios e regiões em que os médicos brasileiros dificilmente aceitavam ou aceitarão atender, mesmo a prefeitura pagando salários muito mais altos, com muitas dificuldades para fazê-lo”, diz a carta.  
A saída dos profissionais cubanos do Brasil será gradual, mas eles já vão começar a deixar o país a partir de 25 de novembro de 2018. Ao todo, terão 40 dias para sair em definitivo -- o prazo final é até o dia 25 de dezembro.

A concentração dos médicos brasileiras

Substituir os médicos cubanos não será tarefa fácil para o governo de Jair Bolsonaro, de acordo com o quadro apresentado pelo relatório “Demografia Médica no Brasil 2018”, coordenado pelo professor Mário Scheffer, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo). 
Segundo o levantamento, 55,1% de todos os médicos brasileiros atuam nas capitais dos 26 estados e do Distrito Federal, onde estão concentradas apenas 23,8% da população. “Ou seja, mais da metade dos registros de médicos em atividade se concentra nas capitais onde mora menos de um quarto da população do país. A razão do conjunto das capitais é de 5,07 médicos por mil habitantes. No interior, a razão corresponde a 1,28”, diz trecho do relatório. 

No Amazonas, por exemplo, 93,1% dos médicos trabalham em Manaus, que abriga pouco mais da metade dos 4 milhões de habitantes do estado. Os 336 médicos do interior são responsáveis pela saúde dos moradores de 62 municípios.

Quantos são os médicos 



Em janeiro de 2018, segundo o estudo, o Brasil tinha 452.801 médicos, o que corresponde a uma taxa de 2,18 médicos por mil habitantes, número próximo ao da Coreia do Sul (2,2), México (2,3) e Japão (2,4). Apesar disso, entre os 34 países analisados, o país só ficou à frente da Turquia (1,8). A média de todos os países é de 3,4 médicos por mil habitantes. Segundo o relatório, o Brasil terá ultrapassado a marca de meio milhão de médicos em 2020. “Uma população cada vez mais numerosa, mais jovem, mais feminina e distribuída de forma desigual entre as regiões, entre as especialidades médicas, entre os níveis de atenção e entre os subsistemas público e privado de saúde”, diz o estudo. Hoje, no país, existem 289 cursos de medicina, que oferecem 29.271 vagas, segundo dados do Ministério da Educação citados no relatório." 

O que determina os locais de trabalho

Para quem acaba de se formar, as condições de trabalho são determinantes para que o profissional escolha a cidade onde vai se fixar: 84% deles dizem levar em consideração esse requisito na hora da escolha. 
O segundo motivo mais citado, por 66,2%, foi a condição de vida oferecida pela cidade onde exercem a profissão. Em seguida, a remuneração para o cargo aparece como condição fundamental. 
Isso explica por que os médicos preferem as capitais e as grandes cidades aos municípios do interior do país, pois elas, no geral, oferecem melhores condições de trabalho e de vida e melhores salários. 
“Nas taxas de médicos por habitantes, o Brasil é um país de extremos, com cidades tão desprovidas de médicos quanto algumas localidades de países africanos. Já os municípios entre 100 e 500 mil moradores têm razão próxima à de cidades de países desenvolvidos. E, naquelas acima de 500 mil, a proporção médico/habitante muitas vezes supera a de capitais das nações europeias ricas”, diz o relatório. 
Nos 1.235 municípios com até 5.000 habitantes, a proporção é de 0,30 médico por mil habitantes. Nas que possuem população que varia de 100 mil a 500 mil (são 268 cidades), o número salta para 2,14. Nos 42 municípios brasileiros com mais de 500 mil, a razão é de 4,33 médicos por mil moradores.




Comentários

Populares

Curso de Eletrocardiograma

Com o Professor Ademir Batista da Cunha Local : Centro de Convenções do Barra Shopping - Avenidas das Américas, 4666 - 3º piso - Barras da Tijuca - Rio de Janeiro Início : 22/11/2011 Término : 17/01/2012 Aulas às terças-feiras das 18h às 21h Inscrições e informações Rua Figueiredo Magalhães, 219/401 - Copacabana Telfax : 2256-5191 / 2235-0856 Cel.: 9246-6514 / 92385775 E-mail: ecgtotal1989@gmail.com

NBR 6028:2021 atualizada

 

Fale com a Biblioteca

📝 Olá! Queremos saber como tem sido a sua experiência com as bibliotecas da UFF até agora.  . 👨‍💻Estamos empenhados em melhorar nossos serviços virtuais. Para isso, a Coordenação de Bibliotecas da Superintendência de Documentação da Universidade Federal Fluminense desenvolveu um formulário on-line para mapear as necessidades da nossa comunidade acadêmica. . 📝Preencha o formulário e nos ajude a oferecer serviços melhores para vocês. São apenas 15 perguntas rápidas. Vamos lá? . 🔎Onde responder? Em https://forms.gle/jmMv854ZrikiyRs29 (link clicável na Bio) . 🔺Quem deve responder? Alunos, técnicos-administrativos e professores da UFF, ex-aluno da UFF, alunos, professores e técnicos de outras instituições que utilizam as bibliotecas da UFF. . 👩‍💻Apesar de estarmos fechados para os serviços presenciais, estamos atendendo on-line pelo DM ou e-mail. . #UFF #SDC #BFM #gtmidiassociaisuff #bibliotecasuff #uffoficial  

21/05 - Endnote online

Dando continuidade ao Ciclo de Treinamentos Virtuais da Biblioteca de Manguinhos, seguimos com uma capacitação em Endnote Online, em parceria com a Clarivate. O Endnote é permite o armazenamento e a organização de referências obtidas nas buscas em bases de dados e inclusão de referências de forma manual. Permite a inclusão automática de citações e referências quando da elaboração do texto, e mudança para diversos estilos de normalização. Ela auxilia pesquisadores, docentes e alunos na elaboração de seus trabalhos científicos.  📅 Dia 21/05/2021 ⏰ Horário: das 14h às 16h 🙋‍♀️ Trainner: Deborah Assis Dias (Clarivate) ✅ Link de inscrição: http://bit.ly/treinamentoendnote

UFF Responde: Sífilis

  Outubro é marcado pela campanha nacional Outubro Verde, que visa combater a sífilis e a sífilis congênita no território brasileiro. Segundo o Boletim Epidemiológico sobre a doença, divulgado pelo Ministério da Saúde, revelou que, entre 2021 e 2022, a taxa de detecção de casos de sífilis cresceu 23%, enquanto a detecção em gestantes aumentou 15%. O aumento dos casos gera preocupação entre os especialistas. Neste UFF Responde, convidamos a professora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal Fluminense (ISC/UFF), Sandra Costa Fonseca, para esclarecer detalhes sobre a doença, meios de prevenção e de tratamento. O que é Sífilis? Como podemos identificar os sintomas? Sandra Costa Fonseca:   A sífilis é uma infecção sistêmica de evolução crônica, causada pela bactéria Treponema pallidum. A transmissão é predominantemente sexual e em gestantes pode ocorrer a transmissão vertical para o feto (sífilis congênita). Quando não tratada, progride ao longo dos anos por vários ...