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Cólica e prisão de ventre: a osteopatia começa a ser usada para prevenir problemas em bebês; entenda a técnica

 


A pequena Beatriz Okada, hoje com 6 meses, nasceu com torcicolo no pescoço devido ao seu posicionamento dentro do útero.

—Notamos logo que ela ficava com a cabecinha para o lado esquerdo e quanto tentávamos posicioná-la para o lado direito, ela parecia incomodada e logo voltava para o mesmo lado — conta a mãe Paula Okada.

Um ultrassom realizado logo após o nascimento também constatou que o bebê tinha um encurtamento de quadril. A pediatra então recomendou que a mãe procurasse uma fisioterapia. Com duas sessões, teve os problemas resolvidos.

— Os bebês costumam responder mais rápido que adultos — comemora a mãe.

A osteopatia é uma especialidade da fisioterapia que utiliza técnicas manuais sobre os tecidos do corpo, como articulações, músculos, fáscias e ligamentos, para ajudar a estabelecer o equilíbrio das estruturas e sistemas corporais. O método é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e foi incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 2017.

— Trata-se de um conceito que engloba recursos para estimular o corpo a se autoajustar, se autocorrigir. Esse conceito, até pouco tempo aplicado em adultos, agora também é usado em crianças com resultados muito bons — diz a fisioterapeuta osteopata Elisa Romano Aquaroli, sócia do Instituto Thera, em São Paulo, um dos centros pioneiros em aplicar a técnica em bebês.

O objetivo não é apenas melhorar os sintomas, mas atuar na causa da disfunção. Em bebês, a osteopatia pode ser aplicada desde o primeiro dia de vida para tratar e até mesmo prevenir problemas de saúde.

A pediatra Caroline Peev, coordenadora do pronto-socorro do Sabará Hospital Infantil, costuma indicar o método para alterações associadas a partos difíceis.

— Partos demorados, seja cesárea ou normal, podem causar alterações do sono e da mamada em crianças. O atendimento de um fisioterapeuta osteopata pode ajudar na correção destas disfunções — afirma a médica.

Outras indicações incluem torcicolo congênito – caso da Beatriz –, dificuldade de amamentação e assimetrias cranianas leves.

— Existem muitas evidências sobre os benefícios da osteopatia para a amamentação. O método ajuda na abertura da boca, no posicionamento da língua e na mobilidade do pescoço do bebê para poder ir mais facilmente ao seio materno — completa Peev.

A indicação da osteopatia por pediatras como tratamento para algumas disfunções em bebês vem crescendo nos últimos anos, mas ainda não é a principal via de acesso ao método. A maioria dos pais que leva os filhos a um especialista o faz por conta própria ou por indicação.

Diversas técnicas da osteopatia podem ser empregadas em bebês, as mais comuns são as chamadas terapia craniosacral, a craniana e a visceral. Todas envolvem manipulações confortáveis, com toque leve e pressão sutil, cujos movimentos variam de acordo com o tecido trabalhado. Aquaroli conta que muitas crianças chegam a dormir durante a sessão.

Recomenda-se uma sessão por semana, com duração de uma hora. Respeitar o intervalo entre as sessões é importante para o corpo se adaptar. Também é comum o bebê ter reações após as primeiras sessões, como ficar mais agitado ou choroso. Paula vivenciou exatamente isso com Beatriz. A farmacêutica conta que sua filha costumava dormir a noite toda, mas após a primeira sessão de osteopatia, teve uma noite agitada, acordando diversas vezes e resmungando.

A duração do tratamento varia de acordo com o paciente e a condição, mas não há dúvidas que a resposta dos bebês é muito mais rápida do que a dos adultos. Aquaroli explica que, nos adultos, os problemas costumam ser crônicos, então demora um tempo maior para reeducar o cérebro a entender a nova condição. Já nos bebês, os problemas são muito agudos, o que facilita a correção. Além disso, a maioria das correções, independentemente de onde seja a disfunção, são feitas através do crânio.

—Mexemos no corpo inteiro, mas uma das principais vias de acesso para conseguirmos reorganizar o corpo é através do crânio — diz a especialista.

A mobilidade e maleabilidade do crânio dos bebês costuma gerar uma resposta mais rápida.

É preciso ressaltar que embora a osteopatia tenha muitas indicações, ela não resolve todos os distúrbios. Cólicas ou refluxos causados por alguma alergia ou intolerância alimentar não podem ser tratadas com a osteopatia. Mas, segundo Aquaroli, o método pode ser coadjuvante nesses casos e ajudar a aliviar os sintomas.

É possível também usar a osteopatia para prevenir problemas de curto prazo, como cólicas, alterações do sono ou dificuldade para mamar ou ainda de longo prazo, como uma escoliose que só será identificada mais tarde na infância.

— Algumas alterações podem ser percebidas e corrigidas nos primeiros dias de vida para prevenir futuras adaptações posturais que podem refletir negativamente na vida adulta. Por exemplo, pode acontecer de a criança desenvolver alguma alteração da curvatura da coluna simplesmente devido a uma alteração óssea que ocorreu no parto. Se isso não for identificado e corrigido logo cedo, a criança vai se desenvolvendo em cima desses segmentos mal posicionados e a coluna vai entortando — explica a fisioterapeuta osteopata.

A osteopatia foi desenvolvida pelo médico norte-americano Andrew Still em meados do século XIX. Embora a terapia ainda esteja se difundido no Brasil, ela já é bem consolidada nos Estados Unidos e na Europa. Em adultos, a osteopatia pode contribuir para o tratamento de dores crônicas e psicossomáticas, além de enxaqueca, dor nas costas, dor ciática, no quadril, lesões relacionadas ao esporte ou ao trabalho, cefaleia, torcicolo, problemas funcionais respiratórios, constipação, problemas funcionais digestivos, cólicas, entre outros.

Fonte: O Globo

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