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Medicos que fazem tratamento direcionado aos adolescentes

A adolescência é uma fase de transformações que requer uma atenção especial dos pais, principalmente quanto aos cuidados com a saúde. Ao contrário do que muita gente pensa, essa faixa etária, dos 12 aos 18 anos, requer atenção médica redobrada e é aí que surge uma das principais dificuldades dos pais: conseguir levar os filhos ao consultório médico. Isto porque os adolescentes nunca acham que estão doentes e, normalmente, ficam tímidos para tratar de assuntos relacionados ao próprio corpo. 

Além disso, para esta turma, pediatra é “coisa de criança”, ao mesmo tempo, fazer uma consulta com um urologista ou ginecologista pode se transformar num grande transtorno doméstico. Para solucionar esse conflito, entra em cena o hebiatra – pediatra com formação específica para lidar com adolescentes. 

De acordo com o médico Fernando Machado Rodrigues, apesar de não ser uma novidade (chegou ao País na década de 70), a especialidade cresce de forma lenta. Por isso, muitas pessoas ainda não conhecem um profissional nesta área. Enquanto nos EUA, a medicina do adolescente é independente da pediatria e possui até entidade própria, a Sociedade Americana de Medicina do Adolescente, da qual Rodrigues é membro, no Brasil, ainda é uma subespecialidade pediátrica. 

“Nos EUA, para se tornar um especialista em adolescentes o médico pode fazer residência pediátrica, clínica, mista ou em medicina familiar, ao passo que no Brasil a função é restrita ao médico pediatra”, esclarece Rodrigues, que atende em Botafogo. 

O próprio termo “hebiatra” (uma referência à Hebe, deusa grega da juventude), criado por um médico gaúcho para designar a especialidade no País (no exterior, ela é conhecida apenas como medicina do adolescente, na tradução literal), não é consensual.

Para a presidente do Comitê de Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria, Kátia Teles Nogueira, como é o pediatra o profissional apto a atender essa faixa etária, independente da especialização, o termo não seria usual. Terminologia à parte, porém, fato é que a adolescência traz dificuldades em tantas áreas que somente o olhar atento de um especialista pode ajudar a prevenir problemas de saúde.

Rodrigues lembra que há uma concepção antiga e errada de que adolescente é um ser saudável e que deve ser submetido a cuidados médicos apenas quando necessário. Pelo contrário, segundo o médico, estudos revelam que cerca de 15% dos adolescentes tem pelo menos uma doença crônica, enquanto em crianças esse percentual cai quase pela metade (7%).

A medicina do adolescente visa também enfatizar o nível alarmante de demanda reprimida por serviços de saúde em adolescentes, independentemente da classe socioeconômica. 

“Muitos pensam que os idosos, pela dificuldade de locomoção, representam a maior demanda reprimida por serviços de saúde, mas são os adolescentes que mais faltam às consultas médicas”, afirma, citando estudos, um deles feito pelo Censo Nacional Americano de Cuidados Ambulatoriais, que concluiu ser esta a faixa etária com menor número de consultas, principalmente entre meninos. 

O afastamento dos serviços de saúde, em geral, se dá por características normais da adolescência, como sentimento de onipotência; afastamento físico e emocional em relação aos pais; medo de descobrirem o motivo das consultas; falta de maturidade e de pragmatismo para marcar ou comparecer a elas; falta de confiança em um profissional que ele não conhece.

Segundo o hebiatra, além de ser nesta fase da vida que têm início muitas doenças crônicas e psiquiátricas, também há maior incidência de comportamentos de risco, como direção perigosa, relação sexual desprotegida e envolvimento com drogas. O médico de adolescente, no entanto, seria o profissional habilitado a identificar esses comportamentos de risco, por meio de ferramentas de rastreio, como questionários. Ainda sobre as vantagens do profissional, Rodrigues ressalta a importância do sigilo médico nas consultas. 

“Em geral, os pais participam da primeira consulta para que o médico adquira informações referentes ao nascimento e infância do paciente. Com o direito do sigilo assegurado, o paciente sente mais confiança em falar de seus problemas, e salvo raras exceções, quando é indicada a quebra de sigilo, médico e paciente devem encontrar juntos a melhor forma de comunicar o caso aos pais”, explica.

Serviço público

A médica de adolescentes Fabiana Barreto Lima faz parte do Núcleo de Estudos em Saúde do Adolescente (Nesa) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), em Vila Isabel, unidade vinculada à Uerj. O núcleo, pioneiro no Estado e um dos primeiros do País, atende a pacientes encaminhados pelo SUS, oferecendo tratamento aos adolescentes com profissionais de diversas especialidades. Nele, além da doença em si, são levados em conta fatores físicos e psicológicos da fase. 

A unidade oferece ainda um ambiente sem os tradicionais motivos infantis dos consultórios pediátricos. 

“Eles não são mais crianças e não querem ser tratados como tal. O ambiente, assim, faz com que fiquem mais à vontade”, destaca a profissional. 

A atuação do núcleo compreende projetos de atendimento básico, ambulatorial e internações. Entre os atendimentos mais realizados estão os que envolvem pacientes com neoplasias, doenças reumatológicas, infecciosas, e complicações oriundas de más formações neurológicas.

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