Os passos ainda são difíceis e exigem esforço, mas Vagner Marques da
Silva, 12 anos, já pode sonhar com a próxima partida de futebol.
Atropelado há cerca de três meses por um trem no município de
Seropédica, ele quase perdeu a perna. Mas graças à perseverança e
técnica de equipe médica do Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, o
garoto ontem recebeu alta. E mais: saiu do hospital andando.
Foto: Estefan Radovicz
Dia 24 de setembro, Vagner e seus amigos brincavam na linha férrea
quando trem de carga o atropelou. Mais de 80% dos tecidos da perna
esquerda foram destruídos — pele, músculos e gordura. Nos primeiros 45
dias de internação, Vagner não podia sair da cama. Durante o período, o
apoio da mãe, a varredora de rua Marilda Marques, 47 anos, e da equipe de psicólogos do hospital salvou o menino da depressão.
No dia do acidente, Marilda trabalhava quando recebeu a ligação
avisando sobre o atropelamento, e ficou desesperada. “Achei que tinha
perdido meu filho”, contou. A angústia de não saber se o garoto teria que amputar a perna levava Marilda ao choro todos os dias.
O primeiro alívio veio no dia em que os médicos confirmaram que a
retirada do membro não era mais necessária. Mas a felicidade só chegou
mesmo quando Vagner recebeu alta. “Agora vamos seguir em frente. Ele vai
voltar à escola ano que vem e fazer atividade física. Hoje vamos dar
uma festinha. A família não vê a hora de recebê-lo”, disse Marilda, emocionada.
Para Vagner, a maior vontade é reencontrar amigos e irmãos. “Estou
muito feliz. A perna não dói mais e quero voltar para minha vida”,
disse.
Os cirurgiões plásticos Bianca Ohana e Rodolfo Chedid sabiam que
situação era gravíssima. Mas apostaram: “Apesar do risco de perder a
perna, acreditamos que havia chance de salvarmos o membro e decidimos
tentar”, contou Bianca.
Quatro cirurgias e enxertos com pele da perna sadia
Vagner teve que passar por quatro cirurgias de médio porte e inúmeros procedimentos menores. Até mesmo pele da perna sadia, a direita, foi retirada para fazer enxertos na esquerda. A expectativa é que recupere totalmente o movimento em um mês.
No primeiro atendimento da equipe de cirurgia do hospital, Vagner teve
parte do músculo da perna recuperado. As duas primeiras operações
retiraram todo o tecido morto da perna. “Se não tivéssemos feito isso,
ele poderia ter uma infecção e morrer”, explica o cirurgião Rodolfo
Chedid.
Depois da retirada completa do tecido morto, os médicos começaram a
fazer tratamentos com coberturas terapêuticas especiais a cada dois dias
para preparar a perna para o procedimento de ‘enxertia’, que retirou pele do membro direito e colocou no esquerdo.
Durante a preparação para a cirurgia, os médicos usavam um dispositivo
que fechava a ferida a vácuo, o que ajudou na cicatrização. Depois de
dois enxertos, a perna melhorou e ele iniciou a fisioterapia. Vagner vai
continuar os exercícios em casa e ter consultas para acompanhar a
recuperação.
Fonte : O Dia
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