Pular para o conteúdo principal

Huap fecha primeiro semestre de 2019 com mais de 200 doadoras de leite materno

Em mês dedicado à amamentação, banco de leite do hospital reforça importância da doação

O agosto dourado chegou. Dedicado à amamentação, o mês é mais uma forma de lembrar a importância deste ato tanto para a mãe, quanto para o bebê. É aí que os bancos de leite entram em ação e se tornam tão importantes nesta fase da vida. Com eles, é possível fazer um estoque para atender os nenéns que não têm acesso a esta fonte de nutrientes. O Hospital Universitário Antonio Pedro (Huap) conta, desde 2003, com um banco receptor de leite, que é destinado à sua UTI neonatal. No primeiro semestre de 2019, foram 213 doadoras pelo hospital, totalizando um estoque de 166,4 ml. Desses, 33,8 ml foram distribuídos para 52 receptores.
De janeiro a junho, o Banco Professora Heloisa Helena Laxe de Paula, do Huap, fez 13 atendimentos em grupo, 485 individuais e 332 visitas domiciliares (as chamadas rotas). Os dados foram fornecidos pela Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (BHL). O processo de contato para se tornar uma doadora pode ser feito de duas formas: por telefone ou com a ida da mulher pessoalmente ao banco de leite. A enfermeira Wanessa Audrey, que trabalha há mais de dois anos no local, detalha como funciona o trabalho de orientação inicial e o processo da coleta do leite:
- Nós explicamos como armazenar em casa e os cuidados de higiene. Também oferecemos o material esterilizado. Isso sempre priorizando a amamentação do neném. O que sobrar, é o que ela doa para a gente. Aí ela tira aqui ou vamos até sua residência e recolhemos o que conseguiu em uma semana. O leite deve sair da casa dela congelado e chegar aqui da mesma forma, se não perde qualidade. Ele passa pelo processo de pasteurização no hospital antes de ir para a UTI, eliminando 99,9% de qualquer tipo de vírus e bactérias. Mas, antes disso, vemos cheiro, aspecto, e, se tiver qualquer sujidade, temos que desprezar. O leite precisa ser o mais limpo possível.
Caso a mulher esteja com grande produção, a ponto de jogar leite fora, ela pode fazer a doação. No entanto, apesar da vontade de ser uma doadora, não é qualquer mulher que está apta a isso. Segundo Wanessa, ela não pode ter nenhum tipo de problema de saúde. A seleção é feita a partir de exames atualizados, com um mínimo de seis meses. As que não podem são: com anemia; com plaquetas ou leucócitos baixos; com HIV; com hepatite; e que tenha tido sífilis anteriormente. A enfermeira acrescenta que volume é o que menos importa, e reforça que o leite é todo destinado à UTI neonatal do hospital:
- Algumas mulheres não doam porque dizem que não têm muito leite. Mas, um pouquinho que seja já ajuda. Hoje, temos bebês prematuros que recebem 1ml a cada duas horas. Ou seja, 12ml em um dia já salva a vida dele. Para a gente, qualquer volume ajuda bastante. Ainda assim, a nossa demanda de recebimento, às vezes, não cobre todas as crianças. O ideal seria que todos os bebês pudessem receber. Mas, infelizmente, não tem como. Se tivéssemos um número de doadoras maior, poderíamos atender mais bebês. Liga muita gente para saber como receber nosso leite pasteurizado. Só que a gente explica que toda a nossa demanda vai para a UTI neonatal.
Como é feito o processo de pasteurização?
Quando vem da doação, o leite humano tem que passar por um grande processo de seleção antes de ser enviado para os bebês. É a chamada pasteurização. A técnica em nutrição do Huap Marcia Regina explica que o leite deve estar dentro do prazo de validade de 15 dias, além de ter a embalagem intacta e sem nenhum problema visível. A cor deve ser branca, amarelada ou verde clara. Qualquer um com tonalidade marrom precisa ser descartado, pois pode conter sangue ou medicação pesada. O leite fica congelado no banco até esse momento, quando vai a 40 graus de temperatura e é feita a checagem sensorial.
- Após essa primeira análise, coletamos 5ml de cada vidro e três amostras para checar acidez e teor de gordura do leite. Passando por isso, trocamos para um vidro específico de pasteurização, que contém uma etiqueta com informações sobre volume, validade, caloria e acidez. O leite passa, então, pelo choque térmico: primeiro vai a 65 graus de temperatura, e depois a 5 graus. Por fim, colhemos 4ml de amostra de cada leite, colocamos no tubinho do meio de cultivo e deixamos por 48h na estufa. Após esse tempo, caso tenha alguma contaminação, será desprezado. Caso não tenha, vai para o freezer dos pasteurizados. Só aí está pronto para ser utilizado -, explica.
Marcia conta que, apesar do volume descartado, hoje o banco do Huap tem uma quantidade boa em estoque. O tempo que o leite pode ficar armazenado após o processo de pasteurização é de seis meses. Após esse período, tem que descartar. No entanto, como a demanda da UTI neonatal é grande, nunca sobra a este ponto. O que pode acontecer é faltar, em algumas épocas, quando tem pouca doação. Wanessa diz que sentiu uma diminuição na quantidade de doadoras nos últimos anos e reitera sobre a importância deste tipo de nutriente para os recém-nascidos:
- A vantagem do leite humano é muito maior do que a do industrializado. O bebê precisa desse leite. Então, é um trabalho fantástico esse de ajudar quando uma mãe, às vezes, não tem condição de tirar o suficiente para o filho dela. Há alguns anos, existia uma reserva de leite muito maior aqui, para quase quatro meses. Mas, de uns tempos para cá, tenho notado que tem diminuído muito. Vejo que muitas mulheres têm usado, por falta de orientação, o leite industrializado, mesmo tendo o próprio em quantidade suficiente. A gente faz campanhas e mutirões, porque ainda não é o ideal. Precisamos de mais doadoras.
Como fazer para doar?
Toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite. O Banco de Leite do Huap realiza um cadastro e pede alguns exames padrões para avaliação de saúde. Após esse contato inicial, uma equipe especializada irá acompanhar todo o processo de aleitamento materno. Para doar, basta ser saudável e não tomar nenhum medicamento que interfira na amamentação. As mulheres interessadas podem entrar em contato no telefone (21) 2629-9234. Quem preferir pode visitar o espaço pessoalmente, na Avenida Marquês do Paraná, 303, térreo, Centro, Niterói. O banco de leite do hospital também aceita e precisa de doação de potes de vidro com tampa plástica.
Unidade de Comunicação Social (UCS)

Comentários

Populares

UFF Responde: Hanseníase

  A hanseníase carrega um histórico marcado por preconceito e exclusão. Por décadas, pacientes foram afastados do convívio social, confinados em colônias devido ao estigma em torno da doença. Hoje, embora os avanços no diagnóstico e no tratamento tenham transformado essa realidade, o combate ao preconceito ainda é um desafio. No Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase, neste ano celebrado em 26 de janeiro, a campanha do “Janeiro Roxo” reforça a importância da conscientização, do diagnóstico precoce e da adesão ao tratamento gratuito oferecido pelo SUS, que ajuda a desconstruir mitos e ampliar o acesso à saúde. Em 2023, de acordo com o Ministério da Saúde, foram registrados 22.773 novos casos da doença no Brasil. Por isso, a Estratégia Nacional para Enfrentamento à Hanseníase, estabelecida para o período 2024-2030, trouxe metas importantes, como a capacitação de profissionais de saúde e a ampliação do exame de contatos, que visam à eliminação da hanseníase como problema de...

Morte de turista no Cristo Redentor: cardiologista explica como um desfibrilador poderia ter evitado a tragédia

  A morte do turista gaúcho Jorge Alex Duarte, de 54 anos, no Cristo Redentor, no último domingo, trouxe à tona a falta de estrutura para atendimentos de emergência em um dos principais cartões-postais do Brasil. Jorge sofreu um infarto fulminante logo após subir parte da escadaria do monumento, mas não havia socorristas nem um desfibrilador disponível no local. Para o cardiologista e professor do Curso de Medicina da Unig, Jorge Ferreira, o uso rápido do equipamento poderia ter feito toda a diferença no desfecho da tragédia. "O desfibrilador é o principal aparelho que precisa estar disponível em casos de parada cardíaca. Ele funciona como um relógio da sobrevida: a cada minuto sem atendimento, as chances de sobrevivência diminuem. Se o paciente tiver um ritmo chocável (quando é necessário um choque elétrico para voltar à normalidade), o desfibrilador pode aumentar significativamente as chances de salvá-lo", explica o médico, que também é coordenador do Laboratório de Habili...

Anvisa aprova 1ª insulina semanal do país para o tratamento de diabetes tipo 1 e 2

  A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta sexta-feira (7) a primeira insulina semanal do mundo para o tratamento de pacientes com diabetes tipo 1 e 2. O medicamento insulina basal icodeca é comercializado como Awiqli e produzido pela farmacêutica Novo Nordisk, a mesma que produz Ozempic. A aprovação foi baseada nos resultados de testes clínicos que mostraram que o fármaco é eficaz no controle dos níveis de glicose em pacientes com diabetes tipo 1, alcançando controle glicêmico comparável ao da insulina basal de aplicação diária. Os pacientes que utilizarama insulina basal icodeca mantiveram níveis adequados de glicemia ao longo da semana com uma única injeção. O medicamento também demonstrou segurança e controle glicêmico eficaz, comparável ao das insulinas basais diárias, em pacientes com diabetes tipo 2. A insulina icodeca permitiu um controle estável da glicemia ao longo da semana com uma única injeção semanal, sendo eficaz em pacientes com diferentes ...

Vacina brasileira contra dengue estará no SUS em 2026, diz governo

  O governo anunciou, nesta terça-feira, a incorporação no Sistema Único de Saúde (SUS) da primeira vacina brasileira contra a dengue de dose única, produzida pelo Instituto Butantan. Isso vai valer a partir de 2026. O imunizante será destinado para toda a faixa etária de 2 a 59 anos e será produzido em larga escala, de acordo com o governo. O anúncio foi feito em cerimônia com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Saúde, Nísia Trindade. Segundo o governo, a partir do próximo ano, serão ofertadas 60 milhões de doses anuais, com possibilidade de ampliação do quantitativo conforme a demanda e a capacidade produtiva. Fonte: Jornal Extra

Destaque UFF

  Mais um projeto da UFF que vem para somar na cidade de Niterói. Com foco no turismo responsável, o Observatório do Turismo de Niterói (ObservaTur Niterói) busca monitorar a atividade turística da região visando à geração de empregos, implementação de políticas públicas e outros investimentos no setor.  O projeto, elaborado pela nossa Universidade em parceria com a Prefeitura Municipal de Niterói e a Fundação Euclides da Cunha (FEC), envolve docentes e estudantes de graduação e pós.  Como destaca o reitor da UFF, professor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, a cidade sorriso tem um grande potencial turístico. ""A UFF está atuando junto ao município para cooperar neste processo de recuperação dos efeitos da pandemia, para que Niterói avance e se torne referência para todo o estado"". Leia a matéria completa do #DestaquesUFF  no link https://bit.ly/3FaRxBT