Os brasileiros estão ficando mais gordos. Mais da metade da população com mais de 18 anos já está acima do peso: 51% têm índice de massa corporal (IMC) superior a 25, o que significa excesso de peso. A obesidade (IMC superior a 30) é um problema para 17% dos brasileiros, ou um de cada seis pessoas. Ano passado, o índice de sobrepeso já indicava 48,5%. Em 2006, o sobrepeso atingia 43% da população e a obesidade chegava a 11%.
Os números são da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2012, feita com base em 45 mil entrevistas feitas por telefone residentes nas 27 capitais. O levantamento é feito anualmente desde 2006 e apresenta indicadores da saúde do brasileiro, como excesso de peso e obesidade, alimentação, sedentarismo e consumo de álcool. O IMC é calculado dividindo peso em quilogramas pelo quadrado da altura em metros.
O sobrepeso atinge mais os homens (54,4%) que as mulheres (48,1%). Na obesidade, ocorre o oposto: 18% nas mulheres e 16% nos homens sofrem com os problemas. A capital mais gorda é Campo Grande: 56% está acima do peso. Na outra ponta estão São Luís e Palmas, com 45% a população com sobrepeso. No Rio de Janeiro, o índice é de 52%. O obesidade é mais grave em Rio Branco (21% da população) e menos frequente em São Luís (13%). No Rio, o índice é de 19%.
A obesidade atinge principalmente as pessoas com até oito anos de estudo. Quanto maior a escolaridade, menor o índice de obesidade. Entre as pessoas com mais anos de estudo, há mais consumo regular de frutas e hortaliças, e menos ingestão de carne com excesso de gordura, refrigerantes, feijão e leite com teor integral de gordura. No caso do refrigerante, a variação de um grupo ao outro é menor. Apenas 22,7% da população ingere a porção diária de frutas e hortaliças recomendada pela Organização Mundial da Saúde, de cinco porções ou mais. Por outro lado, houve aumento no consumo recomendado de frutas e hortaliças.
- Nossa dieta natural é bem equilibrada. Arroz, feijão, salada, bifinho. O problema é que estamos substituindo por outros alimentos - avaliou o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, acrescentando que, ainda assim a obesidade é menor que em outros países, como Uruguai (19,9%), Argentina (20,5%), Paraguai (22,8%), Chile (25,1%) e Estados Unidos (27,7%).
- A hora é agora. Se agente não agir afora, corremos o risco de chegar a patamares de excesso de peso e obesidade de outros países, como Chile e Estados Unidos -acrescentou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Quanto mais jovem, menos obeso
Quanto mais jovens, maior a tendência de estar no peso ideal e praticar atividades físicas. Entre os jovens de 18 a 24 anos, 28% está acima do peso. O índice chegar a 60,8% na faixa etária que vai dos 45 a 54 anos. O mesmo ocorre com a obesidade, que chega a 23,4% na população entre 55 e 64 anos.
Há fatores genéticos relacionados à obesidade, mas o presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), Mario Kedhi Carra, alerta que o sobrepeso já traz problemas para a saúde, como maiores riscos de doenças cardiovasculares e diabetes. O especialista também lembra que a pesquisa foi realizada apenas com adultos, mas diz que o foco da atenção está nas crianças.
- O departamento de obesidade tenta sensibilizar colégios para dar informação sobre alimentação às crianças. Pois vivemos num ambiente “obesogênico”, ou seja, que tem impõe tal comportamento, a partir da sedução das lanchonetes de comida rápida e da variedade de produtos processados.
A atividade física é maior entre os homens que as mulheres. Não há grandes variações por sexo no hábito de assistir televisão mais de três horas por dia. No total, a frequência de atividade física durante o tempo livre vem aumentando dede 2009, quando estava em 29,9%. Hoje está em 33,5%.
- O Vigitel é uma ferramenta muito poderosa para identificar fatores de risco dos brasileiros - destacou Joaquín Molina, representante da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Abuso do álcool
O consumo abusivo de álcool é maior entre os homens que as mulheres e mais grave quanto maior a escolaridade. Entre os homens com 12 anos ou mais de estudo, 31,9% apresentaram consumo abusivo nos 30 dias anteriores à pesquisa, contra 24,3% entre os homens com até oito anos de estudo. Para o homem, é considerado consumo abusivo ingerir cinco doses ou mais. Entre as mulheres, quatro doses ou mais.
A capital que mais abusa do álcool é Salvador: 27%. Em melhor situação está Rio Branco (13%). No Rio, o índice é de 19%. A faixa etária que mais abusa é que vai dos 24 aos 35 anos (24,7%).
Os homens e as pessoas com mais anos de estudo são as que mais dirigem após ingerir qualquer quantidade de álcool. O problema é pior em Florianópolis (16%) e menos grave em Belém (4%). No Rio, é de 5%. Segundo Padilha, o baixo índice do Rio se deve à intensidade das operações da Lei Seca na cidade.
Segundo o Ministério da Saúde, em 2011, 43.256 pessoas morreram no trânsito. Acidentes de trânsito são inclusive a segunda causa de internação por trauma no Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2012, foram 161.707 internações com custo de R$ 215 milhões. Ao todo, 78% das vítimas são homens.
A pesquisa também mostrou que 77,4% das mulheres entre 50 e 69 anos realizaram uma mamografia nos dois anos anteriores ao levantamento. O índice estava em 71,1% em 2007. As curitibanas foram as mulheres que mais fizeram o exame (90%). João Pessoa fica na outra ponta: 61%. Entre as cariocas, o número chega a 84%.
Nos três anos anteriores à pesquisa, o papanicolau foi feito por 82,3% das mulheres entre 25 e 64 anos. Entre as paulistanas, o índice é de 90%, o maior do país. Em Maceió, é de apenas 71%, o menor do Brasil. No Rio, é de 79%.
Fonte: Jornal Extra
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