O bom desenvolvimento de uma criança depende da dieta adotada por seus pais nos anos anteriores à gestação. Ou seja, regimes “detox” adotados apenas pela mãe às vésperas da gravidez têm efeito reduzido sobre a saúde da criança. Essa é conclusão de uma pesquisa britânica publicada pela revista The Lancet, ontem, em uma série de três artigos científicos.
Os dados indicam que o consumo de álcool e de cafeína nos anos anteriores afetam a criança. Casos de obesidade ou de má nutrição entre um dos pais também podem levar a potenciais danos genéticos, metabólicos e físicos durante a gestação. Todos esses fatores podem levar a criança a correr maiores riscos, ao longo da vida, de doenças cardiovasculares, alterações metabólicas, baixa imunidade e doenças neurológicas.
A principal autora da série, Judith Stephenson, professora de Saúde Sexual e Reprodutiva na University College London, explica os impactos da alimentação dos pais nos anos anteriores à gestação:
— É um momento crítico, quando a saúde dos pais (incluindo peso, metabolismo e alimentação) pode influenciar o risco de futuras doenças crônicas na crianças. Precisamos reexaminar a política de saúde pública para ajudar a reduzir esse risco. Embora o foco atual em fatores de risco, como tabagismo, seja importante, também precisamos de novos impulsos para que ambos os pais se prepararem nutricionalmente para a gravidez.
Trabalho em conjunto para geração futura
Coautora dos três estudos, a pesquisadora Mary Barker, da Universidade de Southampton, no Reino Unido, sugere aos casais que planejam engravidar e aos sistemas públicos de saúde que trabalhem juntos para ajudar a melhorar a qualidade de vida das crianças que serão geradas. Seu estudo propõe a estruturação de uma rede de apoio à redução da obesidade e de melhoria da nutrição desde a idade escolar. O objetivo seria formar gerações de pais e mães cada vez mais saudáveis:
— As intervenções na saúde durante o período anterior à concepção têm foco limitado à responsabilidade individual (da mãe), não abordando diretamente as influências sociais. É responsabilidade de todos apoiarmos nossos jovens adultos a se tornarem, de forma bem sucedida, pais de crianças saudáveis e longevas.
Fonte: Jornal Extra
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