Pular para o conteúdo principal

Médicos alertam para risco de tatuagens em pessoas com sistema imunológico enfraquecido

Médicos suspeitam que tatuagem provocou inflamação no músculo da coxa de paciente

Fazer uma tatuagem pode ser arriscado para pessoas que, de alguma forma, tiveram seus sistemas imunológicos enfraquecidos. O alerta é de uma equipe médica do hospital da Universidade Queen Elizabeth, em Glasgow, na Escócia, que atendeu uma mulher com fibrose cística que havia passado por um transplante de pulmão. Para evitar a rejeição, ela tomou medicamentos imunossupressores e, após fazer uma tatuagem, começou a sentir dores crônicas na perna e no joelho.

— Nós sabemos que nesses indivíduos, o risco de infecções é mais alto em qualquer procedimento, seja uma cirurgia planejada, uma tatuagem ou um piercing — explicou William Wilson, especialista em trauma e ortopedia na Queen Elizabeth e coautor do estudo de caso publicado na “BMJ”. — Então nós dizemos que nessas situações os pacientes devem avaliar com cuidado. Conversar com o médico se não estiverem decididos e assegurar que a pessoa que fará a tatuagem é qualificada e segue as práticas para manter tudo esterilizado.
As drogas imunossupressoras são receitadas para pacientes que passaram por transplantes, para evitar a rejeição, ou para tratar doenças autoimunes, quando o sistema imunológico ataca células saudáveis do próprio organismo, como artrite reumatoide, lúpus, esclerose múltipla e doença de Crohn. E algumas doenças crônicas, como o diabetes, podem enfraquecer as defesas do organismo no longo prazo.
No caso descrito, a paciente de 31 anos foi encaminhada para uma clínica de reumatologia dez meses após fazer uma tatuagem em uma das coxas. Ela tinha o joelho inchado e reclamava que a dor na perna adornada estava afetando seu sono. Segundo Wilson, ela relatava forte dores nos quadris e na coxa, que desciam para o joelho e a perna.
Ela já tinha uma tatuagem na outra perna há anos e, por isso, não viu problemas em fazer uma nova. Mas uma semana após se tatuar, começou a sentir dores tão fortes que só eram controladas com o opioide tramadol, além de paracetamol e nefopam. Ela também estava tomando imunossupressores por causa do transplante e insulina para o diabetes relacionado com a fibrose cística.
Exames de sangue e de raios-X não apontaram qualquer anormalidade, assim como testes no fluído retirado do joelho, que não apontou sinais de infecção por fungo ou bactéria. Apenas a ressonância magnética foi capaz de detectar que um dos músculos da coxa estava inflamado. Uma biópsia não apontou sinais de infecções, mas confirmou a inflamação.
— Não podemos provar que a causa foi a tatuagem, mas por causa do timing, com os sintomas surgindo uma semana depois que ela fez a tatuagem; e a localização sendo logo abaixo da tatuagem, nós sugerimos que existe um elo após esgotar todas as outras linhas de investigação — afirmou Wilson. — Na maioria dos casos ninguém sabe o que causa inflamação no músculo, pode ser algo como uma bactéria que chegou lá ou uma reação a uma toxina, como talvez a tinta.
O tratamento foi feito com fisioterapia. Um ano após a tatuagem, a situação melhorou, mas as dores só desapareceram por completo após três anos. Os médicos que atuaram no caso recomendam que outros profissionais de saúde alertem seus pacientes sobre os riscos das tatuagens para esses casos específicos e considerem o impacto das tatuagens ao diagnosticar pacientes.
Fonte: Jornal Extra

Comentários

Populares

Campanha Hanseníase 2018

Fonte: Portal da Saúde

UFF responde: Alzheimer

  Doença de causa desconhecida e incurável, o Alzheimer é a forma mais comum de demência e afeta, principalmente, idosos com mais de 65 anos. Identificada inicialmente pela perda de memória, pessoas acometidas pela doença têm, a partir do diagnóstico, uma sobrevida média que oscila entre 8 e 10 anos, segundo o  Ministério da Saúde  .  Em um  Relatório sobre Demência , a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que mais de 55 milhões de pessoas no mundo possuem algum tipo dessa doença, sendo mais de 60% dessas pessoas habitantes de países de baixa e média renda. A previsão é de que esse número ultrapasse mais de 130 milhões no ano de 2050. Outros dados apresentados na publicação indicam que a demência é a sétima maior causa de morte no mundo e que, em 2019, representou um custo global superior a 1 trilhão de dólares. Com o intuito de criar ações para o tratamento e a conscientização sobre a Doença de Alzheimer e de demências, em junho de 2024, foi instituída a...

Faculdade de Medicina da UFF celebra 100 anos com nova sede e programação especial

  A UFF celebrou, ontem (1), o centenário da Faculdade de Medicina. O evento, realizado no teatro da universidade, contou com a presença de autoridades acadêmicas e civis, docentes, servidores, estudantes e ex-alunos, reunindo gerações que marcaram a história da unidade. A programação contou com a conferência “ A Medicina nos últimos 100 anos ”, ministrada pela professora Eliete Bouskela, presidente da Academia Nacional de Medicina, além de homenagens a personalidades e ex-professores que contribuíram para a trajetória da unidade e da apresentação do Quarteto de Cordas. Na ocasião, foram entregues medalhas e troféus comemorativos, simbolizando o reconhecimento ao legado de excelência, ética e compromisso social da Faculdade de Medicina ao longo de um século. Quarteto de Cordas durante a solenidade do centenário da Faculdade de Medicina da UFF. Foto: Joaquim Guedes/SCS Com uma trajetória marcada pela excelência na formação de profissionais e pelo compromisso com a saúde pública, a u...

Vacina experimental pode trazer alívio para alergia a amendoim

Um estudo publicado no "Journal of Allergy and Clinical Immunology" nesta quarta-feira (11) demonstra como vacinas podem ser utilizadas com sucesso no tratamento de alergias. Uma boa parte das alergias ocorre quando o sistema imunológico percebe alguns alimentos como "invasores" a serem atacados. Como se o amendoim virasse um vírus, por exemplo. A partir dessa premissa, assim, cientistas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, desenvolveram uma vacina capaz de fazer com que o sistema imune não reaja a substâncias presentes no amendoim como se elas fossem atacar o organismo. Em testes em camundongos, três doses mensais de uma vacina aplicada pelo nariz protegeram ratos de reações alérgicas. Ao todo, a vacina foi desenvolvida após quase duas décadas de estudo. Os ratos responderam às alergias a amendoim de forma similar aos humanos afetados, com sintomas que incluíam coceira na pele e dificuldade para respirar. O estudo avaliou a proteç...

Huap-UFF é o primeiro hospital de Niterói (RJ) a realizar criobiópsia de nódulo pulmonar por meio de ecobroncoscopia

  O Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense (Huap-UFF), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), realizou pela primeira vez um procedimento de criobiópsia de nódulo pulmonar guiado por ultrassonografia endobrônquica radial. O uso da técnica, que é um avanço no diagnóstico precoce do câncer de pulmão, torna o Huap a única instituição a oferecer esse tipo de exame pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na região metropolitana II do Rio de Janeiro. O procedimento, realizado no último dia 22 de agosto, é um marco na modernização do parque tecnológico do Serviço de Endoscopia Digestiva e Respiratória do Huap-UFF e  faz parte das ações do projeto “Integra – uma proposta de integração academia/serviço”,  aprovado pelo edital Nº 15/2023, da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, que garantiu o valor de R$4.438.000 (quatro milhões, quatrocentos e trinta e oito mil reais) para 24 m...