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Imunização em crianças cronicamente adoecidas

A vacinação é a maneira mais eficaz e segura de prevenir diversas doenças. Por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), o Programa Nacional de Imunização (PNI) é referência internacional ao promover o acesso gratuito da população às vacinas, respeitando critérios e orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ainda assim, dados da OMS e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revelam que 20 milhões de crianças em todo o mundo – mais de uma em cada 10 – perderam, em 2018, vacinas que salvam vidas, como sarampo, difteria e tétano. 
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), a cobertura vacinal em crianças de até 1 ano está em queda no Brasil e números recentes mostram que a taxa de vacinação da tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, passou de 102,3% em 2011 para 90,5% em 2018. O número está abaixo do recomendado pela OMS, que é de 95%. Quando se trata de crianças cronicamente adoecidas ou imunocomprometidas, muitos questionamentos surgem sobre a segurança da imunização. 
Nas últimas três décadas, houve um aumento considerável das condições que determinam imunodeficiências: transplante de órgãos, quimioterapia imunossupressora, uso prolongado de corticosteroides, infecção pelo HIV, entre outras. É cada vez maior o número de crianças que sobrevivem a esses agravos e ficam suscetíveis aos agentes infecciosos, sendo as vacinas medidas capazes de proteger ativamente esses pacientes. Neste sentido, a pediatra do Ambulatório de Pediatra do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) e mestre em infectologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Alessandra Marins Pala explica as restrições desses pacientes relacionadas à vacinação. 
As vacinas compostas por organismos (vírus ou bactérias) vivos atenuados são contraindicadas em indivíduos gravemente imunocomprometidos. “Se a imunodeficiência for transitória, deve-se aguardar até a normalização da função imunológica para aplicar estas vacinas. Alguns exemplos das ‘vacinas vivas’ incluem: BCG, febre amarela, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e a tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela). Já as vacinas que não contêm organismos vivos podem ser aplicadas em crianças imunocomprometidas sem restrições. Entre elas, destacam-se a vacina contra a gripe, hepatite B, pentavalente (DTP, hepatite B e HiB), VIP, pneumocócica 10 valente, meningocócica C, hepatite A, DT e HPV”, explica Alessandra. 
Além das várias doenças que afetam, especificamente, o sistema imunológico como as imunodeficiências congênitas (também conhecidas como imunodeficiências primárias) ou adquiridas, várias doenças crônicas podem afetar, indiretamente, o sistema imune, como por exemplo: diabetes, desnutrição grave, insuficiência renal crônica e insuficiência hepática, entre outras. A influência das doenças crônicas sobre o sistema imunológico pode ser transitória ou permanente e seus efeitos podem variar desde alterações leves até uma grave imunodepressão. Estas variações dependem tanto do tipo de doença crônica como de sua gravidade. 
Segundo a infectologista, a vacinação de crianças com doenças crônicas, apesar de ser uma medida eficaz para a redução da morbidade e mortalidade, é uma questão complexa e deve ser avaliada caso a caso. Somente o médico (preferencialmente, o que assiste à criança) pode definir se o tipo de doença crônica em questão e se as condições gerais da criança podem ser consideradas uma contraindicação permanente ou temporária de uma determinada vacina.  
“Algumas enfermidades crônicas podem aumentar o risco específico de ocorrência de formas graves de determinadas doenças que não são comuns na população geral. Nestes casos, os indivíduos portadores destas patologias devem ser encaminhados pelo médico assistente para receber outras vacinas, além daquelas que constam no Calendário do Programa Nacional de Imunizações, como a  vacina da gripe para indivíduos entre 5 e 59 anos, fornecida pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e a vacina pneumocócica 23, para crianças a partir dos dois anos, disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs)”, complementa. 
Vacinação: proteção necessária
 
A vacinação é uma grande conquista da medicina na luta contra doenças graves e transmissíveis. Tornar as crianças imunes a essas doenças é uma tarefa importante para o pediatra e para os pais. A vacinação é iniciada logo após o nascimento, certamente, contribuindo com a redução da mortalidade infantil nos últimos anos.

De acordo com o calendário de vacinação proposto pelo MS e recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Sociedade Brasileira de Imunizações, o recém-nascido a termo e estável deve receber, nas primeiras horas de vida, a vacina contra a hepatite B e, até 1 mês de vida, a  vacina contra a tuberculose com a BCG, o ideal é que ela seja administrada o mais precocemente possível. A seguir, o recém-nascido é incluído no Calendário Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.
Segundo o pediatra e neonatologista da Área de Atenção Clínica ao Recém-nascido do IFF/Fiocruz José Roberto Ramos, os bebês recém-nascidos com peso inferior a 2 kg, ou idade gestacional menor que 33 semanas, devem receber a vacina hepatite B, obrigatoriamente, em quatro doses, sendo a primeira dose nas primeiras 12 horas de vida, depois deve dar continuidade ao esquema da seguinte forma: (0 - 2 - 4 - 6 meses ou  0 - 1 - 2 - 6 meses).

“Em relação a BCG, será feita em dose única. Se o peso de nascimento for inferior a 2 kg, a mesma deve ser adiada até́ que o recém-nascido atinja peso maior ou igual a 2 kg. Situações em que exista história familiar comprovada de imunodeficiência ou no caso de mães que fizeram uso de biológicos – todos os medicamentos que podem causar imunodepressão do feto – durante a gestação, a vacinação poderá ser adiada ou contraindicada. Caberá ao profissional de saúde analisar cada situação específica”, explica Ramos. 
Para o pediatra, é muito importante alertar as famílias sobre os benefícios da imunização, não só na proteção como a erradicação de doenças passíveis de prevenção, mas chamar os pais para esse compromisso. “A vacinação não é somente responsabilidade do Ministério da Saúde, médicos ou profissionais de saúde. É um compromisso de todos. É fundamental manter o cartão vacinal atualizado”, recomenda o neonatologista.
Fonte: Fiocruz

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