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Fonte de vida: a importância do leite materno para bebês e mães

Um afago, um contato, um carinho. Mais do que aquele momento único entre mãe e filho, a amamentação é, sobretudo, um ato de amor, de salvar vidas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o leite materno é capaz de reduzir em 13% as mortes por causas evitáveis em crianças com menos de 5 anos, comparado ao que é evitado pela vacinação ou pelo saneamento básico.
“Manter a rotina da amamentação dos bebês a partir de seu nascimento (até os seis meses e complementado até os 2 anos) é de extrema importância e uma necessidade indispensável. Através do leite materno é possível reduzir consideravelmente o índice de mortalidade neonatal, que acontece até o 28º dia de vida”, explica a pediatra e neonatologista Diana Lima.
No ano de 2008, aproximadametne 41% das mães brasileiras amamentavam exclusivamente nos primeiros seis meses de vida do bebê. Em 2014, o Ministério da Saúde elaborou um novo estudo e, observando a tendência de crescimento, estima um aumento, nos últimos seis anos, de 10,2% no número de crianças sendo amamentadas exclusivamente até seis meses. 
Amamentar nunca foi uma dúvida mesmo quando a jornalista Fernanda Caetano, de 31 anos, ainda estava grávida. Os planos iniciais de parto normal foram alterados por uma cesariana, porque foi a forma que a Lis, com dois meses de nascida, escolheu. Mas os planos de amamentação não mudaram. 
“O leite materno é a nossa primeira oportunidade como mãe de mostrar o nosso amor, de nos doarmos para nossos filhos. Fica inconcebível a ideia na minha cabeça de não fazer tudo por ela, de não fazer tudo para o melhor. E, no momento, amamentar é o que eu posso oferecer que mais bem vai fazer a ela”, declara Fernanda.

Mas não é sempre fácil, principalmente nos primeiros dias em que tanto mãe quanto filha precisam se adaptar às novidades. “No início, saía bem pouco leite e eu ficava preocupada em ela não estar satisfeita. Mas o pediatra da Lis, que também foi o meu pediatra, me acalmou dizendo que aquilo, por enquanto, era o suficiente para ela, e que aos poucos o meu peito, e ela também, iam se adaptando à quantidade e à consistência do leite. Então, eu relaxei e passei a curtir esses momentos das mamadas com ela”, conta.
Os momentos de curtição entre mãe e filha também têm sido o ponto alto para a mãe de primeira viagem, a engenheira de petróleo Jéssica Fernandes, de 27 anos. A pequena Sol, de apenas um mês, que já chegou antecipando a cesariana marcada, surpreendeu toda a família, e faz tudo à sua maneira.
“Os meus dias são divididos nos horários que ela determina. Entre um soninho e outro que ela tira é que a gente fica mais juntinho para a amamentação. É essa a hora que eu sento no quarto, curto mais outras reações dela, cada barulho novo que ela faz, percebo as mudanças que, mesmo poucas, já fazem bastante diferença. Estes momentos são uma delícia, como tantos outros com ela”, se derrete Jéssica.
E foi essa proximidade com a filha que fez com que Bruna Hainfellner, 36 anos, aguentasse firme e não desistisse da vontade de amamentar a filha Anna Clara, de dois meses. “Logo no início da amamentação, o bico do meu peito ficou rachado e, desde então, dar o leite à minha filha tornou-se uma tarefa muito dolorosa. Todas as vezes em que a Anna Clara mamava, eu aguentava firme a dor para que conseguisse amamentar como sempre imaginei. E deu certo”, lembra Bruna.
Durante os primeiros dias de amamentação é possível que se tenha algum desconforto no começo de cada mamada. Essa situação pode piorar quando os mamilos ficam doloridos, rachados ou até mesmo sangrando. São efeitos colaterais que correspondem como um sinal de que a “pega” do bebê não está correta.
“As fissuras e, até mesmo as dores constantes, são ocasionadas principalmente pela posição e a ‘pega’ do bebê inadequadas. O médico deve observar e orientar a forma correta, a limpeza com o próprio leite ordenhado, e não lavar a região constantemente com água e sabão. São cuidados que facilitam esses desconfortos”, indica Diana Lima.
Com Juliana Trotta, jornalista de 27 anos, aconteceu exatamente assim. Uma rachadura no mamilo dificultou o início da amamentação da filha Morena Maria, que está com dois meses. “Eu não estava entendendo o porquê de doer tanto e me machucar ao mesmo tempo, mas não queria parar de amamentar, era o meu sonho naquele momento. E eu persisti, fui firme, porque dói muito. Uma dor que você acha que não vai aguentar, porque é uma região muito sensível, e a criança suga com muita força. No entanto, é preciso ter paciência já que em alguns dias a situação se normaliza e o bebê consegue mamar normalmente. E é um momento lindo!”, diz Juliana.
Antes disso, ainda na maternidade, Juliana teve dificuldade nos três primeiros dias em fazer com que Morena iniciasse a amamentação de fato. “Forcei por várias vezes para que ela pegasse o peito, só que o leite não vinha. Só pude amamentar a minha filha três dias depois do seu nascimento. Na primeira vez é uma emoção, mas é doloroso. O bico racha, não tem jeito. Mas o meu conselho para as mães é o mesmo que o meu médico me deu: Não desista”, aconselha Juliana.
Segundo os médicos, essa é uma questão que precisa de muita atenção. Diana Lima destaca que a maioria das mulheres tem condições biológicas para produzir leite suficiente e atender a demanda do filho. “A questão do leite ser ‘fraco’, muitas vezes, essa percepção se reflete da insegurança materna”, explica.
Em dois meses, a não tão pequena Morena cresceu oito centímetros e engordou quase dois quilos. Tudo com leite materno, como faz questão de enfatizar a mãe orgulhosa. “Não existe hora certa para amamentá-la. É quando a fome dela vem. Vez ou outra ela reclama um pouquinho, ensaia um choro, e eu já sei que é fome. E já estou pronta para ela”, comenta.
Diana enfatiza que a amamentação diminui o risco de alergias no bebê, o risco de hipertensão, colesterol alto, diabetes, reduz a chance de obesidade e promove uma melhor chance de nutrição (porque o leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento da criança nos primeiros seis meses). “Há evidências que o leite materno contribui para o desenvolvimento cognitivo”, reforça a pediatra.
Além desses aspectos, existe a preocupação no que diz respeito a outros desenvolvimentos. “Quantos aos aspectos fonoaudiológicos da amamentação, podemos dizer que quando o bebê mama no peito, auxilia o posicionamento adequado da língua, prevenindo alterações na fala, posteriormente; favorece o alinhamento dos dentes, reduzindo a má oclusão dentária; estimula a manutenção da respiração nasal, evitando a síndrome do respirador.
Ajuda do peito e dos bancos de leite
Nem todas as mães produzem a quantidade de leite necessária para conseguir amamentar seus bebês. No contraponto, há aquelas que produzem em excesso, mas os seus filhos não consomem tanto, então por que não fazer com que uma ajude a outra? Para isso, o Banco de Leite Humano do Hospital Universitário Antônio Pedro (BLH-Huap) promove a arrecadação, manutenção e o encaminhamento de leite materno.
“O BLH atende a bebês, mulheres-mães-nutrizes, a família e toda comunidade que, de alguma forma, participa no apoio ao aleitamento materno. As mulheres que estão com dificuldades de amamentar, os bebês que têm algum problema para sugar, abocanhar o peito e fazer a mamada de forma adequada, as doadoras que se candidatam, os estudantes e profissionais que, por alguma razão, nos procuram, nós atendemos. O público o qual abraçamos é bem heterogêneo”, explica Bertilla Riker, coordenadora de assuntos externos do Hospital Universitário Antônio Pedro.
Mas tanta responsabilidade requer bastante trabalho. “O BLH-Huap é o único da Região Metropolitana II do Estado e para descentralizar a atenção foram criadas salas de apoio ao aleitamento materno nos municípios de Maricá, Rio Bonito, além de uma sala na Maternidade Alzira Reis, em Jurujuba. Para tanto, tivemos o apoio do Rotary Club de Niterói e da Associação dos Colaboradores do Hospital Universitário Antônio Pedro (Achuap). Nós, do BLH-Huap, preparamos cursos com os profissionais para atuarem nestes espaços. É gratificante perceber que os profissionais destas salas são empenhados em dar o melhor nas campanhas de aleitamento materno, nas orientações e atendimentos”, afirma Bertilla.
As mulheres que podem se tornar doadoras do Banco de Leite Humano do Hospital Universitário Antônio Pedro são todas aquelas que estiverem amamentando seus filhos, estiverem saudáveis e se propuserem a doar seu leite dentro das recomendações sanitárias que são feitas no primeiro atendimento.

Fonte: O Fluminense

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