Muita gente não sabe o que é a apendicite e que ela pode ser grave. O caso da farmacêutica Ana Carolina Cassino, que morreu aos 22 anos por complicações da inflamação do apêndice, reacende as dúvidas sobre a doença. Com sintomas comuns a várias males e muitos mitos em torno das causas do problema, a apendicite mata quando há demora no diagnóstico ou atraso na realização da cirurgia, que é relativamente simples e rápida.
Apendicectomia é o nome dado à operação que retira o órgão inflamado do abdômen do paciente. Segundo dados do Ministério da Saúde, durante o primeiro semestre de 2014, 1.107 cirurgias foram feitas no Sistema Único de Saúde apenas no município do Rio de Janeiro. Proporcionalmente, isso significa que mais de seis pessoas tenham seus apêndices retirados por dia na cidade, o que demonstra o quão comum é a cirurgia. Desse contexto, cinco pacientes morreram.
— O que acontece em muitos casos é que os doentes demorem a procurar o médico e o diagnóstico seja dificultado por suspeita de outras doenças e então a doença se agrave — explica o cirurgião geral Dr. Alexandre Fiuza, chefe da cirurgia do Hospital Municipal Salgado Filho.
O apêndice é um órgão pequeno, que se parece com um dedo de luva de até 8 cm e fica preso à região inicial do intestino grosso. Ele não tem nenhuma função para o corpo humano, mas quando inflama precisa ser retirado com urgência. O problema começa pelo entupimento do orifício que liga o intestino ao apêndice. Esta passagem pode estar mais ou menos aberta, dependendo da época da vida, de acordo com o nível de atividade das células imunológicas que constituem a parede do órgão. Segundo o Dr Alexandre, normalmente acontece de uma pedra de fezes ficar presa no orifício que está mais inchado, obstruir a passagem para o intestino e ressecar dentro do órgão. As bactérias que habitam o ambiente oco do apêndice ficam isoladas do resto do organismo e passam a se proliferar, causando a inflamação.
O especialista reforça que a obstrução do apêndice, diferente do que se pensa, não tem relação com os alimentos ingeridos na refeição anterior à crise: grãos, sementes e caroços não são os vilões da apendicite.
— Este é um mito comum, mas a crise tem muito mais a ver com a anatomia do órgão. As células imunológicas ficam mais ativas entre os 15 e os 30 anos, e é por isso este é o principal perfil do paciente com apendicite, apesar de ela poder se apresentar em qualquer idade — afirma.
Saiba identificar
Os sintomas de alerta para a apendicite são dor no abdômen, localizada na parte debaixo, principalmente do lado direito; perda de apetite; febre baixa; e em alguns casos, vômito. O cirurgião explica que o diagnóstico é mais difícil de ser feito em mulheres porque, dependendo da forma que os sintomas se apresentam, podem ser confundidos com problemas ginecológicos.
Como leva à morte
Segundo o médico, caso a doença não seja diagnosticada, o apêndice inflamado chega a se romper e necrosar, espalhando as bactérias por toda a camada de revestimento dos órgãos do abdômen. Se ainda assim o órgão não for retirado, as bactérias podem atingir a corrente sanguínea e provocar uma infecção generalizada, que é um quadro grave e provoca a morte.
Preparo para a cirurgia
Alexandre Fiuza diz que o procedimento padrão para o cuidado da apendicite é a realização de um exame de tomografia ou ultrasonografia para conclusão do diagnóstico clínico e a operação deve ser realizada em média em 12h. Para isso, o paciente deve ser hidratado, começar a tomar os antibióticos e receber a reposição de eletrólitos, caso a avaliação laboratorial identifique deficiências. O jejum de 6 a 8h deve ser garantido para a realização da operação, que pode ser feita por videolaparoscopia.
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