Gestantes e lactantes: tirem suas dúvidas sobre coronavírus
Gestantes e lactantes estão preocupadas com sua saúde e a do bebê por conta da crescente atenção ao novo coronavírus no Brasil. Por isso, fizemos um compilado de diretrizes do que fazer em caso de gestantes serem diagnosticadas com o coronavírus, mas também como preveni-las da doença. As instruções a seguir são baseadas nas orientações que surgiram a partir de outras doenças respiratórias semelhantes ao coronavírus, como CoV-SARS, CoV-MERS e, principalmente, o H1N1, pois é um vírus que se alastrou por diferentes regiões do mundo e demandou uma vasta pesquisa para combatê-lo.
As dúvidas foram respondidas pela pediatra Elvira Alonso, da Assessoria Clínica de Bio-Manguinhos. Confira:
- Grávidas são mais suscetíveis a se infectar com coronavírus?
Até o momento não há relato de serem mais suscetíveis, mas durante a gestação, algumas alterações naturais no organismo podem favorecer a queda da imunidade da gestante, e por essa razão não devem se colocar em situações de risco.
- Recém-nascidos são mais suscetíveis a se infectar com coronavírus?
Até o momento não há relato de serem mais suscetíveis. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), até o momento chama a atenção poucos casos sintomáticos em lactentes, crianças e adolescentes.
- O uso de máscaras realmente protege?
O CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos não recomenda nenhum dos modelos de máscara para a proteção diária contra germes de pessoas possivelmente infectadas. Caso a pessoa esteja em trânsito para outro país, a recomendação para evitar contaminações é lavar as mãos com frequência. A máscara é indicada para que as pessoas que estejam com vírus não transmitam para outras pessoas. Ou ainda para cuidadores e profissionais da área de saúde que terão contato mais próximo com pessoas contaminadas.
- Grávidas precisam tomar algum cuidado especial com relação à doença?
Para o atendimento pré-natal de gestantes sem risco epidemiológico ou clínico para a infecção COVID-19, os cuidados serão aqueles usuais com a higienização das mãos. No entanto, para o atendimento de gestante classificada como “caso suspeito” ela deverá utilizar máscara de proteção. Destaque para os cuidados que todos devemos ter:
1- Evitar contato próximo com pessoas apresentando infecções respiratórias agudas;
2-Lavar frequentemente as mãos (pelo menos 20 segundos), especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o meio ambiente e antes de se alimentar. Se não tiver água e sabão, use álcool em gel 70%, caso as mãos não tenham sujeira visível;
3-Evitar tocar olhos, nariz e boca sem higienizar as mãos;
4-Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;
5-Usar lenço descartável para higiene nasal;
6-Cobrir nariz e boca com a dobra do cotovelo ao espirrar ou tossir (etiqueta respiratória);
7-Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
8-Manter os ambientes bem ventilados
- Caso a grávida contraia a doença, os sintomas serão os mesmos ou tem algum sintoma diferente?
Os mesmos sintomas são observados nas grávidas. Segundo informe do Ministério da Saúde, o espectro clínico da infecção por coronavírus é muito amplo, podendo variar de um simples resfriado até uma pneumonia severa. No entanto, neste novo coronavírus não está estabelecido completamente o espectro, necessitando de mais investigações e tempo para caracterização da doença. Segundo os dados mais atuais, os sinais e sintomas clínicos referidos são principalmente respiratórios. O paciente pode apresentar febre, tosse e dificuldade para respirar.
- Se a grávida apresentar um desses sintomas ou o recém-nascido, devem tomar algum remédio?
Atualmente não existe nenhum medicamento anticoronavírus eficazmente comprovado. Deve ser evitado o uso inadequado de antibióticos. A automedicação não é recomendada. Na dúvida, o pediatra deve ser consultado.
- De que forma o coronavírus afeta o feto?
Ainda não há dados consistentes de infecção congênita e nem comprovando passagem intrauterina do vírus.
- Que medidas tomar para proteger um recém-nascido?
Além de todas as medidas já mencionadas, evitar levar o recém-nascido a locais fechados com pessoas que possam estar infectadas. O ideal é permanecer sempre que possível, em sua residência, evitando visitas de pessoas com algum tipo de sintoma.
- Se a lactante contrair a doença, tem que parar de amamentar?
Pela Organização Mundial de Saúde (OMS), as puérperas, em bom estado geral, deveriam manter a amamentação utilizando máscaras de proteção e higienização prévia das mãos. A OMS leva em consideração os benefícios da amamentação e o papel insignificante do leite materno na transmissão de outros vírus respiratórios na amamentação, desde que as condições clínicas o permitam. Já o CDC Americano inclui a puérpera nesta discussão, considerando sua vontade e sua capacidade de seguir todas as orientações de higienização e uso de máscara. Por sua vez, o CDC Chinês é muito mais restrito, afirmando a indicação de separação do neonato da mãe e contraindicando o aleitamento natural. A orientação da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), até que dados adicionais sobre o aleitamento natural estejam disponíveis, as mães que pretendem amamentar e estão com estado geral bom, tomando-se os cuidados higiênicos, não seria um impeditivo para a amamentação. Na fase aguda da doença, se a mãe quer amamentar, mas a equipe sentir-se insegura de liberar o contato direto, o leite pode ser ordenhado e ofertado ao neonato. Com pacientes em boas condições de saúde, isto seria perfeitamente adequado e as puérperas deveriam ser incentivadas a fazê-lo, claro seguindo os cuidados higiênicos e o uso da máscara materna.
Jornalista responsável:Gabriella Ponte
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