Cada vez mais cedo a sala de cirurgia recebe pacientes jovens e os motivos para enfrentar um procedimento cirúrgico, ainda na adolescência, são muitos: o bullying ou até mesmo a vaidade. Dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) revelam que o número de cirurgias plásticas em adolescentes entre 14 e 18 anos mais do que dobrou em quatro anos, saltou de 37.740 procedimentos em 2008 para 91,1 mil em 2012 (141% a mais).
Segundo a SBCP, no mesmo período, o número total de plásticas em adultos subiu 38,6% (saindo de 591.260 para 819,9 mil procedimentos) o que significa que as cirurgias no público jovem cresceram em um ritmo 3,5 vezes maior. As operações mais realizadas nas meninas são lipoaspiração e implante de silicone nas mamas. Nos meninos é mais frequente a cirurgia de correção de orelhas de abano e a ginecomastia (redução das mamas que crescem demais).
Para o cirurgião plástico Ricardo Cavalcanti, membro das sociedades brasileira e norte-americana de cirurgia plástica, o procedimento é válido quando tiver um efeito psicológico, com o objetivo de aumentar a autoestima, por exemplo. Caso vivido pela adolescente Beatriz Corrêa, de 14 anos, que passou pela cirurgia para corrigir um desvio de septo e aproveitou para fazer uma rinoplastia (cirurgia para ajustar o tamanho do nariz).
“A plástica mudou minha auto-estima e segurança, além da harmonia do rosto. Confesso que tive medo, mas procurei todas as informações possíveis sobre a cirurgia. Era uma correção que há muito tempo queria fazer e estou completamente satisfeita com o resultado”, explica.
O coordenador médico do Centro Cirúrgico do Hospital de Clínicas Niterói, Eduardo Duarte, diz que não existe uma norma que defina qual a idade mínima para se submeter à cirurgia plástica
“Na verdade os cuidados para se determinar a melhor época para se submeter a uma cirurgia plástica vai depender de cada paciente, de suas reais necessidades, vontades, atreladas a maturidade e desejos justificados”, avalia.
Ele também informa que, em alguns casos, é necessário esperar o tempo certo.
“A otoplastia (correção de orelhas em abano) está indicada a partir dos cinco anos; uma rinoplastia a partir dos 16 anos; e a lipoaspiração e mamaplastia a partir dos 18 anos. Existem casos especiais como a operação de uma menina de 13 anos que era portadora de gigantomastia (crescimento exagerado das mamas). Neste caso, além dos distúrbios psicológicos, a paciente apresentava alterações em coluna lombar e cervical devido ao peso das mamas. Trata-se de uma exceção a regras, que foi tratado de forma multidisciplinar. O resultado foi um trabalho realizado em conjunto com o cirurgião plástico, paciente, psicólogo, ortopedista, pediatra e os responsáveis”, constata.
Segundo dados da SBCP, nessa época do ano a procura pelas cirurgias aumenta em média 60%.
“Na verdade existem fatores que levam ao crescimento do número de cirurgias plásticas nessa época do ano, pois além do benefício por um clima mais frio, as limitações impostas pelo pós-operatório fazem com que a garantia do verão com praia e atividades físicas não fiquem prejudicadas. O uso de cintas moderadoras também contribui para a decisão”, ressalta Ricardo Cavalcanti.
Avaliação – O cirurgião Ricardo Cavalcanti lembra que antes de se submeter a uma cirurgia é necessário que o paciente realize uma série de exames.
“O jovem precisa fazer uma radiografia do rosto, tomografia computadorizada e avaliação com otorrinolaringologista, que também irá avaliar a necessidade do procedimento. Para evitar decepções após a plástica, o cirurgião plástico recomenda que o especialista converse abertamente com o jovem sobre as possibilidades de conseguir o resultado esperado, com o objetivo de não vender uma ilusão ou até mesmo encaminhá-lo a um psicólogo”, orienta.
Para o especialista Eduardo Duarte a decisão de fazer uma cirurgia plástica deve ser avaliada com muita atenção.
“Os jovens querem ser respeitados e ouvidos. É uma fase que o companheirismo com atenção faz com que o turbilhão de dúvidas que esses adolescentes enfrentam tornem-se suaves”, diz o especialista.
Fonte: O Fluminense
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