Quando crianças que possuem deficiência auditiva grave são diagnosticadas
hiperativas, as supostas origens da limitação são, em geral, frustrações
relacionadas com problemas de comunicação e socialização. Entretanto, um novo
estudo afirma que um defeito genético no ouvido interno também poderia
influenciar no comportamento hiperativo das pessoas. Isso sugere que, ao menos
em alguns casos, a hiperatividade teria uma origem neurobiológica.
Pesquisadores da Faculdade de Medicina Albert Einstein, localizada
no bairro do Bronx em Nova Iorque, nos Estados Unidos, provocaram um defeito no
ouvido interno de camundongos retirando o gene Slc12a2, o que resultou na perda
de audição e do senso de equilíbrio. Entretanto, a remoção do gene também
resultou em níveis mais altos de duas proteínas conhecidas como pERK e pCREB do
corpo estriado, região do cérebro que ajuda a regular as funções motoras.
Correr rápido e em círculos
Os camundongos testados passaram a apresentar sinais de
hiperatividade, como correr mais rápido e em círculos. Os pesquisadores da
universidade norte-americana suspeitaram que os patamares altos de proteínas
estivessem causando tal comportamento dos camundongos e por isso eles reduziram
as dosagens. Após a restauração dos níveis das duas proteínas, o comportamento
dos ratos voltou ao normal.
Ainda há pontos para pesquisar
Mas não se sabe ao certo qual rede neural que liga o ouvido ao cérebro estava
ativada nesse caso do estudo feito, afirmou Jean M. Hébert, principal autor do
levantamento e pesquisador da área de neurologia da faculdade. "A ativação da
rede neural normal é responsável pelo aumento dos níveis dessas proteínas e por
esse comportamento?", afirmou. "Ainda não verificamos esse questão."
Ele também observou que o estudo, publicado no periódico Science, identificou
apenas uma das origens em potencial da hiperatividade, que pode ter várias
causas. "Eu não passaria a testar a audição de crianças hiperativas", afirmou o
autor.
Fonte: O Dia
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