Algas verdes geneticamente modificadas por biólogos americanos da
Universidade da Califórnia, em San Diego, mostraram-se capazes de
produzir substâncias complexas e tradicionalmente caras usadas no
tratamento contra o câncer.
A descoberta está detalhada na edição desta segunda-feira (10) da
revista científica "Proceedings of the National Academy of Sciences"
(PNAS).
Os resultados obtidos na espécie de clorófitas Chlamydomonas reinhardtii podem
abrir portas para a fabricação de outras proteínas tridimensionais como
essas, em quantidade maior, de forma sintética e muito mais barata que
atualmente – compostos idênticos em desenvolvimento por empresas
farmacêuticas chegam a custar mais de R$ 208 mil.
Alga verde da espécie 'Chlamydomanas reinhardtii' é vista por dentro (Foto: Kallista Images/Getty images)
A substância se deteve a matar as células cancerosas e inibiu o
desenvolvimento de tumores em roedores. Segundo o professor de biologia
Stephen Mayfield, que trabalhou no estudo durante sete anos, não é
possível fabricar essas proteínas em bactérias – que são incapazes de
dobrá-las em formas trimensionais – nem em mamíferos, pois a toxina os
mataria. Como as algas produzem essas proteínas em uma organela chamada
cloroplasto, onde é feita a fotossíntese, elas conseguem sobreviver.
O primeiro sucesso da equipe foi obtido há cinco anos, quando os
pesquisadores fabricaram uma proteína amiloide de mamíferos em algas. Em
2010, conseguiram que elas produzissem proteínas mais complexas, como o
fator de crescimento endotelial vascular humano (VEGF, na sigla em
inglês), usado no tratamento de enfisema pulmonar.
Em maio, o grupo de Mayfield, em parceria com a Faculdade de Medicina
da Universidade da Califórnia, conseguiu que as algas gerassem uma
proteína ainda mais complexa, para ser usada em uma vacina contra
malária que poderia proteger milhões de pessoas contra essa doença
infecciosa em todo o mundo.
"Uma vez que fizemos isso, estamos convencidos de que podemos fazer qualquer coisa com algas", disse Mayfield.
Fonte : G1
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