
Os brasileiros sentem medo de envelhecer porque temem ficar sozinhos, perder a habilidade de andar ou enxergar, desenvolver uma doença grave ou depender financeiramente dos filhos. Estes dados foram obtidos numa pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – São Paulo (SBGG-SP), em parceria com a Bayer, que ouviu pessoas com mais de 55 anos em todo o país.
— O Brasil envelheceu de uma forma muito acelerada e as políticas públicas, apesar de serem bem estruturadas, falham no atual cenário econômico e social do país. Nós temos idosos que são desprovidos de cuidados como assistência médica — afirma a geriatra Maisa Kairalla, Presidente da SBGG-SP.
De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde, em haverá cerca de 2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos em 2050. Estatísticas do IBGE apontam que neste período os idosos serão quase 30% da população de nosso país, aproximadamente 66,5 milhões de brasileiros.
— Este é o melhor cenário que poderíamos encontrar, porque um país no qual o jovem morre em uma guerra, com doenças infectocontagiosas ou por causa de uma gravidez, é um país ruim. Quando falamos que o Brasil está envelhecendo, isso é um grande ganho para todos nós — aponta Maisa.
A geriatra reforça que a população se prepare para chegar à terceira idade desde criança. Para ela, é preciso que esta atitude se torne uma “meta de vida”.
Dados da pesquisa no Rio
Primeiros números
Dos 200 entrevistados para a pesquisa, 64% estavam na faixa entre 55 e 70 anos. A maioria (52%) daqueles que responderam às perguntas eram mulheres.
Sobre envelhecer
Quando questionados se pensavam em seu envelhecimento, 61,5% dos entrevistados respondeu que “sim”. Quem assinalou negativamente a esta pergunta, justificou afirmando que vive o presente (32%) ou que não gosta de pensar sobre o futuro (29%).
Pouco Preocupados
A maioria dos cariocas afirmaram que não se sentem velhos (56%), 39% dos entrevistados se mostraram pouco preocupados com o envelhecimento.
Como estarão no futuro
Quando questionados sobre como se imaginavam em idade avançada: 23% esperam estar com alguma doença devido a idade; 22% cansado e gostando de não fazer nada; e a mesma porcentagem com uma família grande e
curtindo os netos.
Medos
Os cariocas temem de ficar sozinhos (25%), desenvolver uma doença grave (20%) ou depender financeiramente dos filhos (18%).
Cinco passos para envelhecer bem
Alimentação: Manter uma alimentação saudável é o mantra que ouvimos durante toda a vida para preservar a saúde, mas na maioria das vezes o envelhecimento traz consigo novas necessidades de vitaminas e nutrientes, como a suplementação do cálcio para a prevenção da osteoporose, por exemplo. Por isso, vale a consulta com um especialista para avaliar quais alimentos podem ser usados a favor do corpo nessa nova fase.
Atividade física: Muitas vezes, por ser associada ao emagrecimento e ganho muscular, as pessoas abandonam a prática de exercícios físicos conforme envelhecem, mas na verdade a doutora ressalta que o correto seria fazer exatamente o oposto. “Praticar exercícios é um dos principais componentes para envelhecer com saúde, isso porque protege contra o ganho de peso e, consequentemente contra as doenças crônicas, além de promover inúmeros benefícios ao esqueleto e musculatura do organismo”, explica.
Monitoramento da saúde: Não é à toa que os mais velhos frequentam o médico de forma mais regular, e essa prática não está errada. Ficar de olho na saúde, com visitas periódicas ao geriatra e realização de exames de rotina é o mais indicado para identificar a deterioração do corpo e prover os cuidados que ele exige. No entanto, homens e mulheres se esquecem que mesmo após a andropausa e a menopausa é importante visitar também o urologista e ginecologista. “Existem problemas de saúde que mesmo após o período fértil do homem e da mulher podem aparecer, como é o caso do prolapso da bexiga e a hiperplasia benigna da próstata, e são justamente esses especialistas que farão a detecção precoce dessas condições”, reforça Maisa.
Saúde mental: Além da atividade física, é importante manter outras atividades ativas. A pratica da leitura, jogos de memória e quizes são particularmente efetivos na manutenção da saúde mental. “Principalmente para pacientes que têm histórico familiar de problemas como o alzheimer e doenças degenerativas, essas atividades podem auxiliar no retardo da manifestação”, explica.
Convívio social: Aproxime-se de pessoas que tenham interesses em comum e reforce os laços com aquelas que já estão em sua vida. “O melhor remédio contra a depressão e o abandono, que são os principais motivos de medo da velhice, é justamente se cercar de pessoas, encontrar amigos e sair mais, viver mais. Não há razão para achar que a velhice deve ser dentro de casa”, completa a geriatra.
Fonte: Jornal Extra
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