Cientistas investigam na Europa o surgimento de 800 casos de crianças e
adolescentes da Suécia e de outros países do continente que
desenvolveram narcolepsia, um distúrbio do sono que é incurável, após
serem imunizadas com a vacina Pandemrix, produzida pela farmacêutica
britânica GlaxoSmithKline (GSK) em 2009 para combater casos da gripe
H1N1, que ficou conhecida como a “gripe suína”.
Finlândia, Noruega, Irlanda e França registraram ocorrências da doença.
Um estudo que deve ser publicado em breve cita registros também no
Reino Unido. A narcolepsia, ou doença de Gélineau, é um problema
neurológico pouco comum que consiste em ataques de sono irresistíveis
que acontecem de repente e com um cansaço extremo.
O órgão regulador de medicamentos na Europa decidiu que o Pandemrix não
deve ser mais utilizado em pessoas com idade inferior a 20 anos. O
responsável pela divisão de vacinas da GSK, Norman Begg, informou que a
empresa enfrenta seriamente a questão e está “absolutamente comprometida
para encontrar resultados”.
Ele acrescenta que ainda não há dados suficientes ou evidências que
sugerem uma relação entre a vacina e os casos recentes de narcolepsia.
No entanto, Emmanuel Mignot, um dos maiores especialistas do mundo nesta
doença e que é financiado pela GSK para investigar mais a fundo o
drama, aponta para outra direção.
“Não há dúvida que o Pandemrix aumentou a ocorrência de narcolepsia em
crianças de alguns países”, disse o especialista em distúrbios do sono
da Universidade Stanford, dos Estados Unidos.
Vacinação contra a pandemia
Durante a pandemia de H1N1 entre 2009 e 2010, mais de 30 milhões de pessoas em 47 países foram vacinadas com Pandemirix – os Estados Unidos não utilizaram esta medicação. Segundo a GSK, 795 pessoas de toda a Europa relataram o desenvolvimento de narcolepsia após a imunização.
Um dos casos estudados é o de Emelie Olsson, que vive na Suécia.
Segundo seus pais, ela era uma estudante que adorava tocar piano, ter
aulas de tênis e se divertir com os amigos. Mas sua vida começou a mudar
no início de 2010, poucos meses após ser medicada com o Pandemrix.
Marie Olsson, mãe da menina, começou a notar que ela estava
frequentemente cansada e precisava dormir toda vez que chegava da
escola. Tudo parecia normal até que a jovem começou a “cair de sono”,
literalmente, na escola.
Ainda não foi descoberto o gatilho que relaciona o remédio à doença,
mas pesquisas sobre o assunto indicam que o risco de desenvolvimento de
narcolepsia em crianças que receberam o Pandemirix contra o H1N1 entre
2009 e 2010 aumentou até 13 vezes.
Cientistas investigam a presença de agente biológico no remédio chamado
AS03, que pode ter contribuído para o desenvolvimento da doença em
portadores de uma variação genética. Esta alteração natural teria
deixado algumas pessoas mais vulneráveis a desenvolver a narcolepsia,
que afeta 500 pessoas a cada grupo de um milhão, segundo estimativas.
Além de crises de sonolência diurnas, a narcolepsia pode causar
pesadelos, alucinações, além de episódios de cataplexia, quando fortes
emoções podem desencadear a perda súbita da força muscular.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que a pandemia do H1N1
matou 18.500 pessoas, embora um estudo divulgado em 2012 aponte para um
número 15 vezes maior.
Fonte : G1
Comentários
Postar um comentário