Pular para o conteúdo principal

Comum, mas potencialmente fatal: conheça a bactéria que matou neto de Lula

Uma das bactéria mais comuns na prática clínica, uma vez que costuma colonizar a pele humana, o Staphylococcus aureus (ou estafilococos, em português) é também potencialmente mortal quando infecta o corpo, como aconteceu com Arthur Araújo Lula da Silva, de sete anos, neto do ex-presidente Lula.


Dos 33 tipos de Staphylococcus existentes, o aureus é considerado o mais virulento (apresenta maior capacidade de se multiplicar no organismo). Estudos indicam que entre 20% e 30% da população humana carrega a bactéria de forma perene, na pele, nas narinas ou, no caso das mulheres, na parte inferior do sistema reprodutor.
A presença da bactéria na pele não é, por si só, causadora de doenças. Os riscos surgem quando há lesões, que podem servir de porta de entrada para o organismo — por esse motivo, é importante manter a área das feridas sempre limpas.
S. aureus também pode invadir o organismo através da ingestão de alimentos contaminados. Além de atacar diretamente o corpo, a bactéria também produz uma série de toxinas que podem provocar intensa infecção intestinal, com vômitos e diarreia.
Algumas infecções por S. aureus são agudas e podem se disseminar para diferentes tecidos, causando episódios mais graves, como bacteremia, pneumonia, osteomielite, endocardite, miocardite, pericardite e meningite.
— Algumas cepas desta bactéria produzem superantígenos, substâncias capazes de ativar uma grande parcela das células de defesa do nosso organismo e isto provoca um choque séptico. Nestes casos, o paciente morre por causa da resposta imunológica do corpo às enzimas tóxicas liberadas pela bactéria e não pela ação dela no organismo — explica Jorge Sampaio, primeiro secretário da Sociedade Brasileira de Microbiologia e professor de microbiologia clínica da Universidade de São Paulo (USP).
Arthur Lula da Silva morreu no dia 1º de março, após dar entrada no hospital Bartira, em Santo André (SP), por volta das 7h14 com febre, náuseas e dores abdominais. O quadro evoluiu para confusão mental e o menino morreu por volta das 12 horas.
Inicialmente, o hospital afirmou que a causa da morte havia sido meningite meningocócica. Ontem, a Prefeitura de Santo André descartou essa doença como causa. A assessoria do Instituto Lula confirmou que o garoto morreu em decorrência de uma infecção generalizada provocada por S. aureus.

Resistência a antibióticos

Algumas cepas de S. aureus desenvolveram resistência a antibióticos, o que limita as opções de tratamento. É o caso do subtipo conhecido como MRSA, resistente à meticilina (antibiótico da família das penicilinas).
Dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, do governo dos Estados Unidos, mostram que, desde 1999, a proporção de Staphylococcus aureus resistentes à meticilina ultrapassa 50% entre os pacientes em UTI.
No Brasil, segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), os índices de cepas MRSA são também bastante elevados (40% a 80%), principalmente em UTIs. Inicialmente, o MRSA foi observado somente em hospitais, mas atualmente está claro que ele pode ser adquirido também na comunidade.

Como se prevenir

Por ser uma bactéria comum entre a população, a prevenção se dá por meio de hábitos de higiene, como lavar as mãos ou usar álcool em gel para desinfectar a região.
— O Staphylococcus aureus tem grande capacidade de sobreviver em superfícies. Então, se você usa um teclado de computador, passa a mão no nariz e volta a digitar, este ambiente pode ficar infectado — diz Sampaio.
É praxe em hospitais fazer uma "descolonização" em pacientes que serão submetidos a cirurgias. A avaliação é realizada antes do procedimento ocorrer. Em caso positivo, o paciente é tratado e colocado em um ambiente isolado para evitar a recontaminação. Esta medida diminui a chance de ocorrer infecções durante o pós-operatório.
Fonte: Jornal Extra

Comentários

Populares

UFF Responde: Hanseníase

  A hanseníase carrega um histórico marcado por preconceito e exclusão. Por décadas, pacientes foram afastados do convívio social, confinados em colônias devido ao estigma em torno da doença. Hoje, embora os avanços no diagnóstico e no tratamento tenham transformado essa realidade, o combate ao preconceito ainda é um desafio. No Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase, neste ano celebrado em 26 de janeiro, a campanha do “Janeiro Roxo” reforça a importância da conscientização, do diagnóstico precoce e da adesão ao tratamento gratuito oferecido pelo SUS, que ajuda a desconstruir mitos e ampliar o acesso à saúde. Em 2023, de acordo com o Ministério da Saúde, foram registrados 22.773 novos casos da doença no Brasil. Por isso, a Estratégia Nacional para Enfrentamento à Hanseníase, estabelecida para o período 2024-2030, trouxe metas importantes, como a capacitação de profissionais de saúde e a ampliação do exame de contatos, que visam à eliminação da hanseníase como problema de...

Morte de turista no Cristo Redentor: cardiologista explica como um desfibrilador poderia ter evitado a tragédia

  A morte do turista gaúcho Jorge Alex Duarte, de 54 anos, no Cristo Redentor, no último domingo, trouxe à tona a falta de estrutura para atendimentos de emergência em um dos principais cartões-postais do Brasil. Jorge sofreu um infarto fulminante logo após subir parte da escadaria do monumento, mas não havia socorristas nem um desfibrilador disponível no local. Para o cardiologista e professor do Curso de Medicina da Unig, Jorge Ferreira, o uso rápido do equipamento poderia ter feito toda a diferença no desfecho da tragédia. "O desfibrilador é o principal aparelho que precisa estar disponível em casos de parada cardíaca. Ele funciona como um relógio da sobrevida: a cada minuto sem atendimento, as chances de sobrevivência diminuem. Se o paciente tiver um ritmo chocável (quando é necessário um choque elétrico para voltar à normalidade), o desfibrilador pode aumentar significativamente as chances de salvá-lo", explica o médico, que também é coordenador do Laboratório de Habili...

Anvisa aprova 1ª insulina semanal do país para o tratamento de diabetes tipo 1 e 2

  A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta sexta-feira (7) a primeira insulina semanal do mundo para o tratamento de pacientes com diabetes tipo 1 e 2. O medicamento insulina basal icodeca é comercializado como Awiqli e produzido pela farmacêutica Novo Nordisk, a mesma que produz Ozempic. A aprovação foi baseada nos resultados de testes clínicos que mostraram que o fármaco é eficaz no controle dos níveis de glicose em pacientes com diabetes tipo 1, alcançando controle glicêmico comparável ao da insulina basal de aplicação diária. Os pacientes que utilizarama insulina basal icodeca mantiveram níveis adequados de glicemia ao longo da semana com uma única injeção. O medicamento também demonstrou segurança e controle glicêmico eficaz, comparável ao das insulinas basais diárias, em pacientes com diabetes tipo 2. A insulina icodeca permitiu um controle estável da glicemia ao longo da semana com uma única injeção semanal, sendo eficaz em pacientes com diferentes ...

Vacina brasileira contra dengue estará no SUS em 2026, diz governo

  O governo anunciou, nesta terça-feira, a incorporação no Sistema Único de Saúde (SUS) da primeira vacina brasileira contra a dengue de dose única, produzida pelo Instituto Butantan. Isso vai valer a partir de 2026. O imunizante será destinado para toda a faixa etária de 2 a 59 anos e será produzido em larga escala, de acordo com o governo. O anúncio foi feito em cerimônia com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Saúde, Nísia Trindade. Segundo o governo, a partir do próximo ano, serão ofertadas 60 milhões de doses anuais, com possibilidade de ampliação do quantitativo conforme a demanda e a capacidade produtiva. Fonte: Jornal Extra

Destaque UFF

  Mais um projeto da UFF que vem para somar na cidade de Niterói. Com foco no turismo responsável, o Observatório do Turismo de Niterói (ObservaTur Niterói) busca monitorar a atividade turística da região visando à geração de empregos, implementação de políticas públicas e outros investimentos no setor.  O projeto, elaborado pela nossa Universidade em parceria com a Prefeitura Municipal de Niterói e a Fundação Euclides da Cunha (FEC), envolve docentes e estudantes de graduação e pós.  Como destaca o reitor da UFF, professor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, a cidade sorriso tem um grande potencial turístico. ""A UFF está atuando junto ao município para cooperar neste processo de recuperação dos efeitos da pandemia, para que Niterói avance e se torne referência para todo o estado"". Leia a matéria completa do #DestaquesUFF  no link https://bit.ly/3FaRxBT