A especialização em pediatria é considerada pelos próprios
profissionais do ramo uma área de grande importância. Mais do que o
médico do filho, ele é o doutor da família, que vai acolher as dúvidas
dos pais e ser parceiro na educação e no desenvolvimento de crianças e
adolescentes. De acordo com Edson Ferreira Liberal, presidente da
Sociedade de Pediatria do Rio de Janeiro (Soperj), estima-se que exista
cerca de 6 mil médicos pediatras em atuação no Rio de Janeiro, com uma
faixa salarial que pode atingir os R$ 10 mil no setor privado e R$ 5 mil
na área pública.
Ele diz que o pediatra, além de ser responsável por realizar
consultas de rotinas, orienta e aconselha a mãe desde o nascimento do
bebê até a sua adolescência.
“Esse profissional tem a responsabilidade de auxiliar os pais na
formação da criança, pois é nessa fase que o ser humano se constitui,
tanto fisicamente quanto biologicamente. Também é de responsabilidade do
pediatra garantir o bem-estar e a saúde da criança, visando a prevenção
de doenças em seu diagnóstico rápido”, detalha.
Liberal diz, ainda, que apesar da especialidade ter passado um
momento conturbado entre o final dos anos 90 e início dos anos 2000, em
que houve uma escassez de profissionais, hoje a área continua muito
valorizada.
“Este período foi complicado porque as áreas que trabalham com
procedimentos, como cirurgias e dermatologias, entre outras, passaram a
remunerar melhor os seus profissionais. Por uma questão até de
sobrevivência, muitos deles tiveram que ir para outras áreas. Contudo,
passado essa turbulência, voltamos a ser reconhecidos e hoje a qualidade
profissional melhorou bastante”, avalia Edson Liberal.
Profissional deve entender de psicologia infantil
De acordo com a Soperj, é necessário para a formação deste
profissional diploma de curso superior em Medicina, com duração média de
seis anos, e posterior especialização (equivalente a pós-graduação) ou
residência na área de Pediatria de alguma instituição de saúde, cuja
admissão é feita mediante concurso ou prova/seleção, com duração mínima
de 2 anos, sendo o terceiro ano opcional em algumas instituições, para a
pediatria geral. Para subespecialidades, são necessários mais 1 ou 2
anos (até 3 ou 4 dependendo no que o médico quer se especializar). Para a
Residência Médica há exigência de carga horária obrigatória de 60
horas/semana.
Para os que fizerem pós-graduação, com carga-horária reduzida, sem
bolsa, fora do vínculo de Residência Médica, o profissional deve prestar
prova de título ao final do curso, na Sociedade Brasileira de Pediatria
(SBP), para então poder denominar-se pediatra. É imprescindível que o
curso escolhido seja de qualidade e reconhecido pelo Ministério de
Educação e Cultura (MEC).
Ainda segundo a Soperj, para ser um pediatra além de todo o
conhecimento adquirido na faculdade de medicina, também é necessário que
o profissional entenda de psicologia, principalmente a infantil, para
assim se integrar cada vez mais a dinâmica familiar. Outras
características interessantes são o gosto por crianças, aliada a uma
grande capacidade de observação, organização e autocontrole, entre
outras.
O pediatra José César Junqueira, de 57 anos, é formado há 33 anos
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professor e membro
do Instituto de Pediatria da UFRJ, relata que a área de atuação do
profissional pode ser dividida em duas partes, a puericultura e a
curativa.
“A puericultura é a área voltada a prevenção e acompanhamento do
desenvolvimento de todos os sistemas. Estima-se que, atualmente, 40% do
trabalho clínico do médico se dirige a puericultura, e o maior objetivo
atual é, com o aumento cada vez maior da expectativa média de vida, é a
prevenção de doenças crônicas nos adultos e idosos. Para tal, o
profissional observa e tenta eliminar os hábitos nocivos, para evitar
doenças como obesidade, diabetes e outros.A parte curativa é responsável
por administrar as técnicas de tratamento às mais diversas patologias e
pesquisar métodos que ajudem na rapidez do diagnóstico”, detalha.
É necessário acompanhar a evolução do setor
O Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap), no Centro de Niterói, é
um dos locais em que os recém-formados na faculdade de Medicina e que
escolheram pediatria, podem realizar a sua residência. De acordo com
Áurea Lúcia Grippa, orientadora dos residentes e professora assistente
do curso de medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF), todas as
sete vagas estão completas. Para 2013, um novo concurso será realizado
com inscrições até o dia 25 de outubro.
A professora, que também se especializou em cardiologia pediátrica, é
formada há 16 anos pela UFF, e desde então se considera uma apaixonada
pela profissão.
“Eu sempre sonhei com essa carreira e ainda hoje acho uma verdadeira
arte ser uma pediatra. Aqui devemos saber um pouquinho de tudo e estar
sempre se atualizando com cursos, congressos. Isso porque os modos de
investigação mudam a cada dia e precisamos acompanhar a evolução”.
Para ela, um dos fatores primordiais nessa profissão é saber lidar com a família.
“Eu sempre falo para os meus residentes que o pediatra é o clínico
geral da criança. Fato que o faz ter contato com os pais. São eles que
estarão na linha de frente, ouvindo os diagnósticos, recebendo a
orientação de prevenções, ou seja, eles são uma extensão do paciente”,
detalha.
Letícia Piedade Feitosa, de 26 anos, recém-formada em medicina pela
UFF, está no primeiro ano de residência no Huap e está muito animada.
“Aqui aprendemos o dia a dia da profissão e isso é muito importante para crescermos enquanto profissional”, relata.
A residente, que resolveu seguir a profissão da mãe, disse que
somente no final da faculdade teve certeza que queria ser pediatra.
“Mesmo a minha mãe sendo pediatra, ela nunca me forçou a seguir o
mesmo caminho. Eu escolhi porque percebi que tinha aptidão para isso”,
diz.
Letícia diz que depois que acabar a residência pretende fazer uma especialização na área de Terapia Intensiva Pediátrica.
Fonte : O Fluminense
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