Pesquisadores da USP de Ribeirão Preto (SP) desenvolveram um
medicamento inédito no país que pode garantir mais qualidade de vida a
pacientes com hemofilia, doença que prejudica a coagulação do sangue e
torna qualquer tipo de ferimento um risco de vida. Após uma série de
testes bem sucedidos em ratos, o Hemocentro, ligado ao Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da universidade, descobriu um método
capaz de produzir em laboratório, e com o uso de células humanas, o
“Fator VIII”, substância que controla hemorragias não encontrada nos
hemofílicos.
Um componente similar, também criado por engenharia genética, é
fabricado apenas na Europa e na América do Norte. A maior parte dos
brasileiros depende de remédios importados da França e da Itália ou de
um método que extrai a substância do plasma no sangue.
A descoberta da USP pode garantir a autossuficiência do Brasil, que
segundo o Ministério da Saúde, gastou R$ 522 milhões nas importações do
Fator VIII em 2011, além de diminuir a dependência por doações de sangue
para a obtenção de plasma e permitir seu uso de forma preventiva com
doses semanais, segundo o professor Dimas Tadeu Covas, coordenador do
estudo.
“Isso pode ser feito em uma grande escala para atender as necessidades
dos pacientes”, afirmou o pesquisador, após obter resultados positivos
com camundongos modificados geneticamente que tinham hemofilia. Depois
de os ratos ingerirem o novo Fator VIII, eventuais sangramentos
provocados neles foram rapidamente estancados. “O produto que
desenvolvemos tem o mesmo desempenho ou até mesmo superior em algumas
situações. Então se mostrou efetivo na proteção desses ratinhos”, disse.
O próximo passo antes de tornar o Fator VIII disponível para o
tratamento de hemofílicos é testá-lo em humanos e conseguir apoio
financeiro para sua produção em ampla escala, de acordo com Covas.
Para suprir a demanda de pacientes no país e exportar o medicamento, a
USP estima um investimento inicial de US$ 60 milhões (R$ 121,2 milhões).
“O objetivo futuro é ter esse fator em grande quantidade para que esse
tratamento seja possível em um custo mais acessível”, afirmou.
O Ministério da Saúde informou que já está discutindo a produção
industrial do novo coagulante, mas mantém as negociações em sigilo.
Fonte : G1
Comentários
Postar um comentário