Neurocientistas americanos afirmam em estudo que identificaram os
processos cerebrais responsáveis por "quando" e "onde" se formam as
memórias de curto, médio e longo prazos. Os resultados da pesquisa das
universidades de Nova York e da Califórnia no campus de Irvine estão
publicados na edição desta segunda-feira (15) da revista "Proceedings",
da Academia Nacional de Ciências dos EUA.
Os autores analisaram os neurônios da espécie de lesma Aplysia californica,
que vive no mar da Califória. O animal é um bom modelo para esse tipo
de estudo porque suas células neurais são bem grandes – de 10 a 15 vezes
maiores que as de organismos superiores, como os vertebrados – e se
parecem com as dos mamíferos. Além disso, a lesma tem uma rede de
neurônios relativamente pequena, o que permite um exame rápido de
sinalização das moléculas envolvidas na criação da memória.
Foram analisadas duas moléculas principais, chamadas MAPK e PKA. Em
pesquisas anteriores, cientistas já haviam descoberto diferentes
aspectos de sinalização molecular para a criação da memória, e essas
moléculas se mostraram envolvidas em várias formas de lembranças e
plasticidade sináptica, que é a capacidade de rearranjo dos neurônios
após uma lesão, por exemplo. Apesar disso, pouco se sabia sobre como e
onde essas moléculas interagiam e quando exatamente eram ativadas
durante esse processo.
Em memórias de médio (referente a horas) e longo prazos (associada a
dias), tanto a MAPK quanto a PKA são ativadas. Já em lembranças de curta
duração, ou seja, de menos de 30 minutos, apenas a PKA é acionada.
Segundo o principal autor do trabalho, Thomas Carew, professor do
Centro de Ciência Neural e reitor da Faculdade de Artes e Ciências da
Universidade de Nova York, a formação da memória não é simplesmente uma
questão de ligar e desligar moléculas. Pelo contrário, ela resulta de
uma complexa relação temporal e espacial entre a MAPK e a PKA.
A descoberta, segundo a equipe, oferece uma nova compreensão sobre a
arquitetura molecular envolvida na construção da memória e,
consequentemente, um melhor "roteiro" para o desenvolvimento de terapias
contra doenças degenerativas que atingem essa região, como o mal de
Alzheimer.
Fonte : G1
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