A taxa de fecundidade – número médio de filhos que uma mulher teria
dentro do seu período fértil – das brasileiras caiu entre 2000 e 2010,
principalmente nos grupos etários mais jovens, segundo dados do Censo
Demográfico de 2010, divulgados nesta quarta-feira (17) pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Conforme o levantamento,
as mulheres com maior grau de instrução e renda também têm menos filhos.
Segundo o IBGE, a queda da fecundidade ocorreu em todas as faixas
etárias. Houve, no entanto, uma mudança na tendência de concentração da
fecundidade entre jovens de 15 a 24 anos, observada nos censos de 1991 e
2000. As mulheres, de acordo com dados de 2010, estão tendo filhos com
idades um pouco mais avançadas.
"Essa mudança recente se deu principalmente em função da mudança no
comportamento reprodutivo das mulheres residentes em áreas urbanas", diz
o IBGE.
Os números mostram que a taxa de fecundidade brasileira caiu de 6,16,
em 1940, para 1,9, entre 2000 e 2010. Para a população continuar
crescendo, o nível mínimo, chamado de reposição, é de 2,1. No país,
apenas a região Norte, com 2,47, está acima da média.
Conforme o IBGE, a redução dos níveis de fecundidade nos últimos 50
anos foi a principal razão para a queda do ritmo de crescimento da
população, que chegou a aumentar cerca de 3% ao ano na década de 1950.
O percentual passou a 1,17% na última década e provocou a alteração da
pirâmide etária brasileira, com aumento proporcional de idosos e
diminuição de crianças.
Na análise da fecundidade por cor ou raça, o Censo revelou que as
maiores quedas percentuais ocorreram entre as mulheres pretas no
Nordeste (29,1%), Norte (27,8%) e Sul (25,3%).
Os padrões de fecundidade das mulheres pretas, pardas e indígenas têm
estrutura mais jovem, até 24 anos, diz o IBGE. Entre as brancas, há
maior concentração no grupo de 25 a 29 anos e entre 30 e 34 anos. Para
as mulheres com mais de 40 anos, a fecundidade indígena é sempre maior
que a dos demais grupos, segundo o instituto.
Instrução e renda
Ainda de acordo com o Censo mais recente, a taxa de fecundidade é maior conforme o grau de instrução e de rendimento da mulher.
Embora a média tenha diminuído entre as mulheres sem instrução e com
ensino fundamental incompleto, de 3,43 filhos (2000) para 3 (2010),
ainda é maior se comparada ao índice de mulheres com ensino superior
completo, de 1,14 filho.
A maior taxa de fecundidade entre mulheres sem instrução e com ensino
fundamental incompleto foi observada na região Norte (3,67). A menor
taxa é para as mulheres com ensino superior completo, na região Sudeste
(1,10).
Apesar da queda em geral, o IBGE diz que o perfil da fecundidade
brasileiro ainda apresenta uma tendência predominante de ter filhos mais
cedo. Isso porque, entre as mulheres sem instrução e com ensino
fundamental completo, 33,7% do total em idade fértil, a maior
contribuição da fecundidade vem do grupo de mulheres com idades entre 20
e 24 anos.
Já as mulheres com ensino superior completo representam 11,2% das
mulheres em idade fértil, embora tenham seus filhos, em média, 5,5 anos
depois do que as sem instrução e com ensino fundamental incompleto
--média de 30,9 contra 25,4 anos.
Entre as mulheres com ensino médio completo e superior incompleto, a
fecundidade se concentra no grupo de 25 a 29 anos, enquanto no grupo de
mulheres com ensino superior completo a maior contribuição da
fecundidade vem daquelas com idades entre 30 e 34 anos.
A taxa de fecundidade também fica abaixo do nível de reposição entre as
mulheres com rendimento domiciliar per capita acima de um salário
mínimo, entre 1,30 e 0,97. Enquanto isso, aquelas com rendimento per
capita de até um quarto de salário mínimo apresentaram fecundidade alta
para os padrões recentes brasileiros, de 3,9 filhos.
Quanto maior a renda, menor a fecundidade, diz o IBGE, tendência que pode ser observada em todas as grandes regiões.
Fonte : G1
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