Inteligentes e bonitas,
as professoras Karin Gonçalves e Paula Veloso, da Universidade Federal
Fluminense (UFF), mostraram que têm muito para acrescentar à Ciência.
Elas conquistaram o prêmio Para Mulheres na Ciência, realizado pela
L’Oréal em parceria com a Academia Brasileira de Ciências e a Unesco.
Karin Gonçalves é odontologista e foi premiada com o trabalho sobre a
análise mutacional do gene da rara doença Neurofibromatose. Já a
engenheira Paula Veloso apresentou o estudo de uma estrutura algébrica
chamada Anéis de Grupo.
O prêmio existe no Brasil desde 2006 com o objetivo de incentivar a
participação de mulheres no cenário científico. Todo ano, sete mulheres
do País têm seus trabalhos premiados com uma bolsa de US$ 20 mil.
“Sabemos da importância da mulher para a Ciência e é com grande
prazer que participamos desta iniciativa. Desde 2006, a L’Oréal Brasil
já concedeu mais de US$ 1 milhão para 40 jovens no País”, afirma o
presidente da empresa no Brasil, Didier Tisserand.
A dupla possui um currículo invejável. Karin Gonçalves decidiu
dedicar seus estudos à rara doença depois de atender uma criança com a
síndrome, que tinha um grande tumor de face, que atingia a região bucal.
Em 2010, concluiu seu pós-doutorado na Escola Médica de Harvard, nos
Estados Unidos, em um laboratório de Neurofibromatose.
“Estudar em Harvard sempre foi um sonho. Foi um excelente aprendizado
trabalhar em um grupo com pessoas que se dedicavam arduamente aos seus
experimentos. Voltei para o Brasil bastante entusiasmada e com muitas
ideias para novas pesquisas”, conta Karin.
Ela explica que o sequenciamento do gene da Neurofibromatose tipo 1
(NF1) sempre foi um grande desafio, por ser muito grande e complexo.
Atualmente, com os sequenciadores de nova geração, a análise, que
poderia levar meses, pode ser feita em até um dia, como no caso do nosso
trabalho, que pretendemos investigar 48 indivíduos”, destaca a
professora.
Já Paula Veloso começou o curso de engenharia sem saber muito bem
qual área seguir, mas logo percebeu sua afinidade com a matemática.
Durante seu pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP), ela
começou a se interessar pelo estudo específico dessa propriedade da
álgebra. Paula conta que já inscreveu seu projeto para o prêmio diversas
vezes e na última tentativa conseguiu ganhar. A professora diz que a
iniciativa é um estímulo a mais para continuar se aprofundando.
“Quando fiz o pós-doutorado, tomei conhecimento do estudo das
identidades de Lie em elementos simétricos em anéis de grupos por meio
dos seminários do grupo de Álgebra. Quando fui professora da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), orientei um aluno em seu
mestrado e propus que estudássemos a bibliografia deste assunto. É um
estudo mais abstrato. Eu já estava até sem muita expectativa em relação
ao prêmio, quando ganhei quase não acreditei”, revela Paula.
As professoras contam que têm como inspiração a cientista Marie Curie, primeira pessoa a receber o Prêmio Nobel duas vezes.
“Mas também tem uma mulher que admiro no mundo da ciência e que foi
muito injustiçada, é a Rosalind Frankilin. Sem o trabalho dela com
difração por raio-X do DNA, muito provavelmente Watson e Crick não
teriam descoberto a estrutura do DNA que se conhece atualmente e que os
levou a ganhar o prêmio Nobel”, diz Karin.
Com o prêmio, Karin e Paula pretendem firmar ainda mais seus lugares
na Ciência. As jovens também buscam ser um exemplo para as alunas que
estão ingressando neste segmento.
“É um grande motivador para mim e para todos os alunos e
pesquisadores que trabalham comigo, mostrando que estamos no caminho
certo. Neste ano, a conquista foi de duas professoras da UFF, a Paula e
eu. É uma grande oportunidade poder mostrar ao Brasil e ao mundo as
pesquisas de excelência que todos estamos desenvolvendo. Fiquei muito
feliz com a premiação, ainda mais sabendo que no Brasil há excelentes
mulheres pesquisadoras e que, certamente, foram enviados projetos com
altíssima qualidade. A escolha do júri não deve ter sido fácil”,
completa Karin.
Fonte : O Fluminense
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